11/01/2008

TUA


A CONSERVAÇÃO DA LINHA DO TUA É UM FACTOR IMPRESCINDÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL DE TRÁS-OS-MONTES


A Linha do Tua, uma das obras de engenharia ferroviária mais notáveis de Portugal, corre o sério risco de vir a ser submersa e, consequentemente, destruída, com a construção da anunciada barragem de Foz Tua.

Hoje em dia há outras soluções energéticas, muito mais eficazes, que dispensam a construção de barragens e centrais hidroeléctricas. É, por conseguinte uma opção totalmente errada a construção da barragem de Foz Tua. Os seus inconvenientes são superiores aos seus benefícios. É possível encontrar outras soluções energéticas, mas não há a possibilidade de substituir as consequências negativas da construção da barragem de Foz Tua. Com a construção da anunciada barragem não só ficará submersa a Linha do Tua – único meio de transporte que as populações locais têm à sua disposição para se deslocarem à capital do concelho –, como as Caldas de Carlão, sendo também afectadas as Termas de S. Lourenço, além de vinhas da Região Demarcada do Douro e olivais de grande qualidade. Ou seja, um conjunto de valores patrimoniais que estão parcialmente abrangidos pela classificação daquela região pela UNESCO como Património da Humanidade.

A construção da barragem de Foz Tua colide também com a estratégia de promoção turística que as entidades oficiais têm vindo a definir para a região do Douro. De facto, numa época em que se fala tanto no turismo no Douro e se anunciam investimentos avultados nesta região, não se compreende como se pode permitir a destruição de um dos seus maiores valores patrimoniais e turísticos como é a Linha do Tua. Para além do seu valor histórico e patrimonial, a Linha do Tua apresenta um deslumbrante conjunto de encantos paisagísticos que a potencializa como uma das grandes atracções turísticas do Nordeste do País.

A APPI – Associação Portuguesa para o Património Industrial, representante em Portugal do TICCIH – The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage – organismo consultor da UNESCO para o património industrial –, declara todo o seu apoio ao Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), e às iniciativas que este tem vindo a desenvolver no sentido de se evitar um dos mais graves atentados ao património cultural do País desde o 25 de Abril de 1974, a destruição da Linha do Tua.


Mário Carvalho