31/01/2008

DEBATE COM MANUEL ALEGRE


Mais democracia e menos medo

“Eu não me conformo”. Foi esta a principal ideia que Manuel Alegre passou na abertura do quinto ciclo de debates do Clube dos Pensadores, de Joaquim Jorge.
Para versar sobre o tema “Sistema Politico: alternativas e alternâncias” Manuel Alegre foi o convidado especial e, como representante da sociedade civil, o jornalista, Pedro Laranjeira.
De uma forma entusiasta, Manuel Alegre começou por enaltecer os espaços de debate e discussão politica já que os considera escassos. “A nossa democracia precisa de menos regulamentos e de
mais respiração, mais debate e espaço para confrontar ideias e projectos”, afirmou o deputado.
Criticando um pouco de toda a acção politica actual, como a educação, a saúde, o ambiente e a desigualdade, Manuel Alegre revelou-se bastante insatisfeito com a política socialista afirmando que “ o mercado cria riqueza mas por si só não e capaz de realizar a justiça social”.
Ficou no ar a ideia de que se Manuel Alegre tivesse sido eleito Presidente da Republica as coisas seriam diferentes. “Teria vetado a nova lei eleitoral autárquica ou no mínimo tê-la-ia enviado para o Tribunal Constitucional e teria tido uma intervenção diferente nas alterações ao Serviço Nacional de Saúde”.
Defensor convicto da escola publica e do sistema nacional de saúde publico, o deputado deixou patente que “o meu partido esta muito longe de ser aquilo que eu queria”.
Ainda assim, Manuel Alegre apelou à sociedade para não se deixar levar pelo medo em que se vive hoje em dia, já que considera “uma doença que se pega”.
“A democracia tem de romper o cerco. A começar pelo cerco que esta dentro das pessoas”.

O fundador do clube, Joaquim Jorge, desta vez mais interventivo, foi claro e directo em relação à democracia interna dos partidos, disse: “ Que moral tem um candidato de um partido para falar de democracia se não a pratica e não dá o exemplo?”.
Também a nossa vida política foi alvo de critica por parte de Joaquim Jorge afirmando que “a culpa é nossa, devíamos ser um povo mais culto e ter cuidado nas escolhas que fazemos quer nos partidos quer no Governo”. Acrescentando que “ é necessário combater a retórica de dizer uma coisa e fazer outra” assim como “ ter um grau de exigência devido e não um mal menor”. “O sistema político está esgotado e a crise vai-se acentuar , é necessário uma catarse”.

Já o jornalista Pedro Laranjeira adoptou uma postura de alerta face aos media. “Somos levados a pensar que a ditadura é um fenómeno do passado e pensamos que hoje em dia a facilidade com que há informação essas coisas já não possam acontecer, mas não é bem assim”, informou o jornalista.
Pedro Laranjeira assume que o papel dos media é essencial no controlo da opinião social e que é muito importante que todos tenham a noção dos factores que movem a comunicação social. “ A globalização não faz com que deixe de existir na sociedade aqueles que exercem o poder. Esses que detêm o poder e controlam os media acabam por controlar a opinião das pessoas”.

Presentes nesta abertura do quinto ciclo de debates estiveram figuras como Paulo Morais , Lino Ferreira , Narciso Miranda e Vítor Rodrigues , numa enchente tal que foi necessário abrir outra sala em vídeo conferência , estando à volta de 250 pessoas. Como sempre a comunicação social esteve em força .

Luís Filipe Menezes , não esteve presente mas falou com Joaquim Jorge via telemóvel durante o jantar e apresentou cumprimentos a Manuel Alegre . A sua impossibilidade deveu-se a tarefas partidárias em Lisboa.


Susana Ferreira