21/01/2008

Aeroporto em Alcochete e Participação Cívica



Mário Russo


Um aeroporto/cidade aeroportuária é uma infra-estrutura de capital importância para qualquer país. Tem de estar devidamente interligado com as demais infra-estruturas de transporte, sejam rodo, ferro ou navegação e ter dimensão internacional.

A escolha de Alcochete, com base no estudo do LNEC, para mim foi uma agradável surpresa, porque a teimosia de Sócrates parecia imparável. Foi uma vitória da participação cívica, dado que se poupou ao país outro tanto quanto custará o aeroporto. Não vai ser apenas a diferença que o LNEC diz, porque no estudo foram hiper majorados custos para a dita “preservação ambiental” que na OTA não foram. Ora se houvesse igual entendimento a diferença seria muito maior, não tenho a menor dúvida.

Quando se iniciarem os projectos veremos que medidas napoleónicas que o LNEC propõe não serão necessárias (note-se que a diferença de 300 M € entre as duas soluções foi uma cortesia do LNEC para que se diga que afinal a solução do governo até nem era tão mais cara, salvando a cara de Sócrates e Mário Lino).

Entre o crime que seria um aeroporto na OTA e esta solução, nunca tive dúvidas, conhecendo minimamente o que é preciso para um aeroporto e o seu ano horizonte, bem como as condições topográficas, hidrológicas, edafológicas e ambientais de ambas as localizações.

As soluções de Portela+1 são remendos de pequeno espírito. A única preocupação do Dr. Rui Moreira era evitar que mais dinheiro fosse para Sul, o que se traduz numa visão provinciana. Um aeroporto/cidade aeroportuária em Alcochete é um investimento e não uma despesa, e é para Portugal, pese embora estar mais próximo de Lisboa (que é Portugal, note-se).

Portugal ganha uma infra-estrutura que pode transformar-se na charneira da Europa, ligando-a a África, América e Ásia. O país, e não apenas Lisboa, beneficiarão com o “input” deste projecto. O aeroporto do Porto vai sair reforçado e poderá ser, finalmente, o aeroporto do noroeste peninsular. Nem isso o Dr. Moreira percebeu.

Já tenho muitas dúvidas quanto ao TGV, que julgo ser despesa, logo, é duvidoso e merece uma ampla discussão.

Saúdo o volte-face e a decisão do governo, vergado às evidências do relatório, que só abona pelo discernimento demonstrado por Sócrates e, julgo, serem potenciadores de maior confiança no governo.

Também merece discussão a questão da alienação a privados da ANA (Aeroportos e Navegação Aérea). Julgo ser um grave erro que lesa o país. É um caso que merece a mobilização cívica como foi feita para o caso da teimosia OTA.


engenheiro , professor no IPV , membro do clube e frequente no blogue