27/12/2007

IDEIAS K


Maria Teresa Goulão


Falou-se pouco da conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que decorreu em Bali e que reuniu os responsáveis políticos com vista a um plano de acção do Protocolo de Quioto após 2012.
Sinal do tempos: o ambiente não está na agenda dos media, as organizações não governamentais estão quase desaparecidas, a política de ambiente perdeu lugar, brilho e vitalidade no Governo, os partidos políticos são indiferentes ao tema, as autarquias , as empresas, ignoraram o desafio das alterações climáticas.
Este é um desafio ambiental sem precedentes. As alterações climáticas confirmam-se "sem equívoco": a temperatura mundial deverá aumentar, o nível médio dos oceanos deverá subir, as vagas de calor e fortes precipitações vão continuar a ser mais frequentes e os ciclones tropicais, tufões e tempestades serão mais intensos, estão ameaçadas de extinção 20 a 30% das espécies vegetais.

A revolução verde que fala Nicolas Sarkozy é a mudança inadiável.

O rigor do números, mostra-nos a dimensão deste problema. Segundo a Swiss Re, os prejuízos patrimoniais das alterações climáticas terão atingido os 173,4 mil milhões de euros em 2006, o aquecimento global, se não for controlado, devastará a economia mundial numa escala comparável à das duas Guerras Mundiais e da Grande Depressão; o Relatório Stern diz nos que o custo final de uma mudança climática descontrolada ficará entre 5% e 20% do PIB mundial, a cada ano; a Organização Mundial do Turismo indica que os impactos poderão mais do que duplicar ao longo dos próximos 30 anos, que praias já sofreram erosão devido a violentas tempestades e as estações de esqui têm falta de neve e têm uma temporada mais curta. A Organização Mundial da Saúde alerta para o agravamento da mortalidade associada ao calor.
O Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 afirma sem reservas que problema das “alterações climáticas é o desafio determinante que vamos enfrentar no século XXI".
Este nosso tempo é tempo de acção. Não basta os registos tradicionais, precisamos de uma nova governação e de uma “mão invisível” verde. E de políticos esclarecidos e cidadãos empenhados.
Nota - As câmaras de Mértola, Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim vão candidatar –se ao Polis XXI, com um plano de investimentos ao longo do Guadiana, de cerca de 2.000 milhões de euros. A “bulimia imobiliária“ passou do litoral já destruído para o interior ? Nós não aprendemos com os erros.


Publicado no Sol