O problema da educação em Portugal não é muito diferente do que acontece em outros países ocidentais. Falta qualidade e sobra indisciplina quando medimos os resultados através dos alunos e do nível com que ingressam no ensino superior. Dominam mal a língua materna, por exemplo, não só na sua expressão oral, mas sobretudo na forma escrita.
Obviamente que nos debruçamos mais sobre o que nos acontece entre portas. Os professores têm responsabilidade por este estado de coisas? Claro que também têm. No entanto, assacar essa responsabilidade apenas aos professores é ter uma visão parcial do problema e injusta. Obviamente que temos professores sem qualidade em todos os níveis de ensino, tal como temos profissionais incompetentes em todas as áreas imagináveis.
Poderíamos recuar quase 40 anos para constatar que movimentos aparentemente libertadores serão responsáveis pela onda de indisciplina que grassa um pouco por todo o mundo, como foi o endeusado Maio de 68, que também jubilei à época, cujas consequências estão espelhadas na educação e no mundo do trabalho que vivemos. Alguns certamente se lembram do slogan da época nas paredes da Universidade de Sorbone: 'Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar'. Era um delírio no “fervilhante” turbilhão idealista das mentes juvenis, bem aproveitado pelos oportunistas de plantão.
A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto quanto o professor, que não se pode avaliar com objectividade para não traumatizar as criancinhas e, sobretudo, os maus estudantes, sugeriam que a vítima conta menos que o prevaricador. Foi patente a ideia de que a autoridade estava morta, que as boas maneiras tinham terminado.
No entanto, a distância do acontecimento obriga-nos a uma análise honesta e objectiva das suas reais consequências e não das imaginadas no calor da revolução.
Primeiro porque originou as mais distintas correntes educacionais, de que em Portugal temos Boaventura Sousa Santos, Ana Benavente e outros, como expoentes, que têm vindo a deformar a educação e conduzindo-a para a irresponsabilidade, o laxismo e o facilitismo. Por outro lado, correntes que “colonizaram” o ministério da Educação, tiveram guarida de sucessivos governos até aos nossos dias, sem qualquer coragem para questionar a sua validade. Tudo em nome da liberdade e da democracia, por pura confusão com libertinagem. Pelo menos em França, Sarkozy teve a coragem de dizer que o rei vai nu. Por cá, o silêncio.
Outra questão diferente é “varrer” para a “mobilidade especial” como se de lixo se tratasse, os docentes cuja saúde não permite o exercício do magistério, porém não lhes impede de exercer outras funções nos seus estabelecimentos de ensino.
Aceitar este dispositivo justo com o argumento de que a educação que temos é má, e portanto há que penalizar os professores, porque são os seus responsáveis, é manifestamente uma visão distorcida e desumana, contrária à filosofia iluminista, de Jean-Jacques Rousseau, Diderot e Kant, entre outros, berço do pensamento ocidental moderno, que valoriza o ser humano e uma sociedade livre de espartilhos.
Pior é ser imposta por um governo dito de esquerda e socialista. Esquerda essa que está na política e nos meios de comunicação social para perpetuar a desinformação, terminar com a escola de excelência e do civismo, para assassinar os escrúpulos e a ética em nome de falsos ideais revolucionários e modernos.