11/10/2007

LUÍS FILIPE MENEZES



A política deve oferecer cidadania

JOAQUIM JORGE

O menos nortenho dos políticos nortenhos , é o novo líder do PSD . Com esta vitória , em que o combate entre a política e os princípios da moral estiveram sempre em conflito , os militantes que deixaram de estar reduzidos à condição de espectadores marcaram o fim dos mitos : elitismo e baronismo como algo démodé . Os tempos mudaram e os velhos elefantes batidos em mil batalhas deram lugar não ao populismo como diz a nomenklatura intelectual, mas a um líder que gosta de agradar e arrastar as pessoas argumentando com as armas da sedução. Para Menezes as relações pessoais têm um peso na política e na economia. A sua postura esotérica , surpreendeu a maioria dos analistas , mas o ter atingido um dos seus desígnios fez com que se distendesse e desfrutasse desta vitória saborosa , evitando e bem, fazer declarações nesta fase pós-eleição . A sua pose que classificaria de anti-Menezes, mas no futuro importante para exercer o poder , não chegará agradar , terá sim, que impressionar e ter precaução com algumas companhias…
Para os portugueses é importante ter uma oposição a funcionar , é preciso substância e consistência na crítica e nas propostas. Para haver um bom governo é importante uma oposição atenta , oportuna , competente , rigorosa e criativa.
O desafio passa por mostrar a viabilidade de Portugal e « que país queremos ter?». Para isso é preciso inovar ; pensar a longo prazo para depois voltar à prática no curto prazo. A questão central para a qual é preciso dar resposta é como desenvolver Portugal sem perder a dimensão social ( saúde , educação ,ambiente , justiça , habitação, etc. ) necessária para se ter uma sociedade mais justa e equilibrada. A sociedade é um todo e Portugal só se pode desenvolver se for capaz de mobilizar a maioria da população. Para isso é necessário debater , envolver as pessoas explicando-lhes as propostas e aceitando sugestões funcionando os cidadãos - governantes em bloco. Não é possível fazer política nas costas dos cidadãos e estes não tomarem parte activa nas decisões . O divórcio manter-se-á . Aqui está o busílis da questão na política actual . Este é o caminho certo , veremos se Menezes terá arte e engenho. A política deve oferecer cidadania . Pelo que tem feito em Gaia , faz acontecer e não planeia apenas, fala aos olhos e não apenas aos ouvidos , é um bom receptor : escuta os outros, lidera a 360º e é um integrador : constrói pontes em vez de paredes.


artigo publicado no dia 10/10/07 no MeiaHora ( na íntegra )