Guacira Maciel
Fui caminhar
às quatro horas da manhã;
tinha a alma confusa, pesada...
a visão do mar na madrugada,
assemelhava-se a um infinito
e brando lago, calmo...
como muitas vezes vejo você
adormecida, em paz, ao meu lado;
naquele momento, sentí-me rio,
que silenciosamente, cumprindo
o ritual da natureza,
adentrava na enchente
de você, mar, tornando-me vazante.
Em sua languidez,
nenhuma reação vi esboçada;
e recebeu seu côncavo
as minhas águas límpidas
em suas águas...
e tinha eu a terra pra lhe dar;
você, num vai e vem se aconchegava,
impregnando com seu sal
meus efluentes, que ali, purificava...
e os braços desse mar,
como útero úmido e quente
me embalavam na corrente,
como em rede, menino, eu balançava;
e sendo rio, vazei, enchi
e amei você ali, ausente, naquela madrugada...
poetisa , professora , frequente do clube e membro do lado de lá do Atlântico