ISABEL CARMO
Uma vez mais vai ter lugar no Porto, um debate que muito embora seja para abordar questões nortenhas, interessa a todo o País, pois o País é um e o que interessa ao Norte, seguramente interessa ao Sul, caso contrário, nada justificava sermos o que somos. Contudo, e porque nunca é demais salientarmos, o Norte nem sempre tem sido privilegiado, como outras zonas do território nacional.
É muito importante que se façam estudos e análises de muitas situações, que por vezes parecem pouco importantes, mas são realmente de crucial importância para o desenvolvimento do País. Por isso, e porque se fazem por vezes críticas muito pertinentes, com sugestões de melhorar neste ou naquele ponto, é que o Clube de Pensadores tem vindo a crescer e a fazer-se notado, sobretudo através de alguns órgãos da comunicação social, ao divulgarem este ou aquele debate.
Socialmente, não estamos a atravessar uma fase famosa e quanto à parte económica, também andamos muito pela esquina da amargura, não querendo abordar outras, que estão mesmo a pedir um colete de salvação. Contudo, pessoalmente, não tenho soluções para tantas mal formações, ocasionadas por vezes, por direcções coadjuvadas por quem terá pouca vocação para os ramos onde é colocado.
Somos, como uma grande parte da Europa, um País onde impera a Terceira Idade, mas mesmo assim, não aproveitamos essa larga tranche da sociedade, proporcionando-lhe qualidade de vida, permitindo que a sua auto-estima seja elevada e não se torne cada vez mais um peso na balança da economia da saúde. É velho (+ de 50 anos) e por isso não presta… muito embora parcos exemplos mostrem que os idosos podem ser fontes de apoio aos mais jovens, desde que saibamos respeitar, compreender e dar condições a esta camada da sociedade.
Há anos, e que em muitas vertentes, venho dizendo entre o meu grupo de amigos, que vivemos numa sociedade “faz-de-conta”, muito embora me contradigam, alguns deles, não me convencem de que assim não é, e se realmente é verdade, esse estudo técnico, de que se fala, para definir modelos de transferência de serviços públicos da administração central para as autarquias, isto numa altura em que estão a ser negociadas transferências de competências na saúde, educação e acção social com os municípios… muito confuso para o meu entendimento…
O Norte do país, com a maior população, é a região mais atrasada, a que tem uma maior taxa de iletrados, uma maior taxa de desemprego, uma menor taxa de escolaridade; os rendimentos são menores, a taxa de mortalidade infantil é mais elevada; Poder-nos-emos deixar ficar descansados perante este quadro? Não! E com esta observação, não pretendemos fazer qualquer censura contra Lisboa, porque pretender um país mais harmonioso, mais simétrico, penso que beneficiaria todos indistintamente, incluindo a Capital – Lisboa – que é linda!
Que se realize a discussão. Que se debatam todos os temas com o calor que merecem e com a serenidade e seriedade que lhes é indispensável e que os resultados sejam os que todos idealizámos. Bem-haja a mais um debate do Clube de Pensadores.
professora e membro do clube