RICARDO ARROJA
As críticas aos defensores do Sim são conhecidas. A principal é a de que o feto representa já vida. Algumas correntes da ciência, contudo, apontam que até um certo número de semanas não se pode ainda falar em vida. Independentemente daquilo que a ciência afirma, ou não, sobre a natureza da vida do feto, eu prefiro encarar a questão pelo lado da vida que, sem dúvida alguma, já existe: a da própria mulher. E acrescento o seguinte: a mulher que pratica o aborto, provavelmente, já pensou bastante no assunto. Bem ou mal não importa - pensou e quer abortar. Como não é possível perguntar ao feto se quer nascer contra a vontade da mãe, basta-me a opinião da mulher. Fosse a sociedade, num instinto paternalista, substituir todos os homens e mulheres que diariamente tomam boas ou más decisões, a vida em comunidade tornar-se-ia impossível. No aborto, é à mulher que compete decidir. Pobre mulher, aquela que não pode agir de acordo com o que sente. Pobre homem, aquele que impõe à mulher uma gravidez não desejada. E pobre criança, aquela que nasce nestas circunstâncias.
Investidor e membro do clube