14/01/2007

A TERRA





Rumando a um desenvolvimento sustentado com uma educação do respeito pelo meio ambiente.



JOAQUIM JORGE




A «Terra» actualmente está doente,isto é, a nossa casa corre perigo,e este perigo continua a ser demasiado ignorado. Os governos não podem continuar a persistir em reduzir este problema à dimensão que lhes convém.O alarme está dado, a mudança climática é real, serão necessários controlos obrigatórios das emissões de CO2. Durante os últimos 10 anos,grande parte da polémica sobre as alterações climáticas que indicavam um aquecimento do planeta,e os dados fornecidos por satélite,que pareciam descartá-lo.Hoje sabemos que estes últimos estavam mal interpretados. A desmesura industrial e tecnológica não pára de crescer e de se multiplicar.No séc. XXI e no começo do terceiro milénio a preocupação e, até mesmo, a inquietação em relação ao ambiente deixaram de ser apenas o resultado de uma opção pessoal ou de medos irracionais; existe uma urgência objectiva em zelar para que a Terra continue humana,bela,e um local agradável para a maioria dos indivíduos. O problema não é só as emissões de CO2 ,pela combustão de petróleo,gasolina e carvão.O escassear de água, a floresta ameaçada ,a exploração excessiva do mar com a pesca, a extinção de espécies pondo em perigo a biodiversidade, são evidências alarmantes. Não nos podemos esquecer que o homem faz parte da natureza e que depende dela,mesmo que lhe caiba orientá-la ,utilizá-la e geri-la parcialmente.Tem deveres para com ela ,e o primeiro é respeitá-la ,porque ela o ultrapassa e o criou; respeitar a natureza é ainda respeitar-se a si mesmo.
Existe uma tomada de consciência real,mas lenta.Um pouco por todo o lado começa a desabrochar uma «cidadania do ambiente»,ecológica.Mas o que é próprio das democracias é o debate contraditório,as forças que se opõem, a divisão social.E o problema é que há urgência!
Mais uma vez não se respeita o princípio de prevenção.É espantoso verificar como a nossa sociedade, que sabe tantas coisas e que sabe fazê-las,não seja capaz de um mínimo de antecipação. Mas isso deve-se ao facto de viver segundo o princípio de «reacção» - prefere reagir às desgraças que ocorrem,em vez de preveni-las. É preciso que haja a convicção de que a destruição do meio ambiente não é uma fatalidade e que a sua salvaguarda se tornou uma questão decisiva,ao mesmo tempo,é preciso que haja uma vontade inflexível de tomar as medidas necessárias e,finalmente,que se estabeleçam prazos razoáveis para que os comportamentos e as indústrias se possam adaptar.
Em vez de se tomar medidas brutais, como foram tomadas noutras áreas, o Governo deve estabelecer objectivos de dez, quinze, vinte anos de prazo…Não nos esquecendo que estas medidas terão que ser tomadas de uma forma global por todos os países do Mundo , Estados Unidos, à cabeça,(sendo o maior emissor de CO2),assim como China,Índia e Brasil (países em franco crescimento).Todos somos responsáveis e culpados :indivíduos e governos . Rumando a um desenvolvimento sustentado com uma educação do respeito pelo meio ambiente.


artigo publicado no Público de 12/01/2007