MANUEL MONTEIRO
Considero a realização deste referendo manifestamente despropositada e a destempo. A questão do aborto não é prioritária no País e não se sentiam quaisquer movimentações ou apelos da chamada sociedade civil a este respeito. Uma vez mais, e agora com a cumplicidade dum Presidente da República eleito pela dita direita, uma certa esquerda consegue fazer o que quer e condicionar à sua vontade as decisões dos principais órgãos políticos do País. Neste contexto, e pela primeira vez na minha vida desde que tenho direito de voto, admiti abster-me. Fá-lo-ia por discordar da consulta e por considerar a pergunta falaciosa e enganadora. Ainda assim vou votar e vou votar Não. Poupá-los-ei aos argumentos que me conduzem a tal voto, mas sempre direi que me sinto revoltado com os fundamentalistas quer do Sim, quer do Não. Os primeiros, autênticos fascistas da extrema - esquerda, porque pretendem recuperar nesta ocasião a velha máxima do pós 25 de Abril, segundo a qual quem não era comunista era adepto do antigo regime; os segundos porque a coberto duma Igreja da era da Inquisição lançam anátemas indignos de quem proclama a paz, a compreensão, o perdão.
Triste realidade pois que nos leva por vezes a sentir pena do estado da democracia.
Aproveito para saudar a iniciativa, nesta recolha de opiniões.
Considero a realização deste referendo manifestamente despropositada e a destempo. A questão do aborto não é prioritária no País e não se sentiam quaisquer movimentações ou apelos da chamada sociedade civil a este respeito. Uma vez mais, e agora com a cumplicidade dum Presidente da República eleito pela dita direita, uma certa esquerda consegue fazer o que quer e condicionar à sua vontade as decisões dos principais órgãos políticos do País. Neste contexto, e pela primeira vez na minha vida desde que tenho direito de voto, admiti abster-me. Fá-lo-ia por discordar da consulta e por considerar a pergunta falaciosa e enganadora. Ainda assim vou votar e vou votar Não. Poupá-los-ei aos argumentos que me conduzem a tal voto, mas sempre direi que me sinto revoltado com os fundamentalistas quer do Sim, quer do Não. Os primeiros, autênticos fascistas da extrema - esquerda, porque pretendem recuperar nesta ocasião a velha máxima do pós 25 de Abril, segundo a qual quem não era comunista era adepto do antigo regime; os segundos porque a coberto duma Igreja da era da Inquisição lançam anátemas indignos de quem proclama a paz, a compreensão, o perdão.
Triste realidade pois que nos leva por vezes a sentir pena do estado da democracia.
Aproveito para saudar a iniciativa, nesta recolha de opiniões.