Publicado por JAL; sábado, 13 de Janeiro de 2007 22:00
Manuel Maria Carrilho abandonou cedo o lugar de vereador que prometera ocupar durante quatro anos na Câmara de Lisboa. Mas a sua saída teve a rara virtude de ser recebida com agrado por todas as partes envolvidas. Pelo PS, que viu com alívio resolver-se um erro de casting que não sabia como corrigir. Pela estrutura camarária, que ainda não percebera qual o papel e a assiduidade do teórico líder da oposição municipal. E pelo próprio, ao pôr fim a um calvário que apenas prolongava a sua traumática derrota eleitoral.
Ao deixar para trás a Câmara alegando «falta de tempo», Carrilho vai, em compensação, animar as sessões e conferências de um denominado Clube de Pensadores. O que é o Clube de Pensadores?
É uma associação que reúne (em Gaia, ao que se sabe) figuras políticas de diversos quadrantes, como Carrilho, Santana Lopes, Garcia Pereira, Luís Filipe Menezes ou Marco António. E se o primeiro impulso, perante este naipe de tão singulares pensadores, é apelidar o grupo de Clube dos Políticos Mortos, o certo é que, além de a imagem ser demasiado óbvia, é sabido que não há verdadeiras mortes em política.
Santana Lopes, por exemplo, nunca estará politicamente morto, é uma espécie de zombie partidário, que anda por aí, que ora aparece ora desaparece, sem ainda ter percebido bem o que lhe aconteceu.
Já Garcia Pereira, que mantém, sem lapsos nem adulterações, o mesmo discurso de há 30 anos, surge como uma notável relíquia viva do museu do marxismo-leninismo. Menezes faz o papel da vítima que sofre intermináveis dissabores pela sua condição de nortista, populista e regional.
E Marco António é hoje um típico sem-abrigo do PSD nacional (acolhido no irredutível enclave de Gaia), depois de ter desbaratado o reduzido poder e influência de que dispôs.
Para completar este verdadeiro circo de excentricidades e ‘has been’ da vida política só faltava mesmo o filósofo Carrilho. Formam um Clube sem igual.