Rui Santos*
A mutação interna nos partidos, efectuada de dentro para dentro, faz com que os cidadãos se afastem com grande descontentamento e estejam cada vez mais longe da vida política.
O Regime político português não está propriamente comprometido com o descrédito que a política tem vindo a sofrer ao longo dos tempos. Portugal vive numa Democracia que, para já, não corre perigo de ser ameaçada devido ao «medo» que existe por outros regimes. O sistema político, esse sim, corre sérios riscos de não sair inócuo da pouca preocupação que os agentes políticos têm vindo a conceder ao afastamento das pessoas pela política. O descrédito deve-se a diversos factores e englobam quase todos os agentes políticos.
Os partidos políticos são os que mais contribuem para o aumento do desinteresse das pessoas pela política. A sua auto-mutação, em que as mudanças de «caras» não traduzem propriamente uma alteração de ideias, faz com que a falta de confiança seja constante e, quer seja um ou outro partido a governar, as condições de vida não irão melhorar. Os «jogos políticos» pouco claros, que apenas transparecem a ideia que se luta pelo poder para se ter o poder, não contribuem para que os cidadãos se aproximem dos centros de decisão.
Praticamente todos os partidos políticos portugueses fecharam as portas e não procuram mecanismos para se aproximarem dos cidadãos, criando a ideia que só são precisos para os colocar no «cadeirão» e que depois não servem para mais nada. Mesmo dentro dos partidos os militantes sofrem se não integrarem a mesma «manada» e abanarem a cabeça quando os líderes falam. As pessoas sentem que não fazem parte da vida política e que a sua opinião só serve nos domingos em que há eleições.
O Parlamento português também sofre um decréscimo de popularidade, o que não abona nada a favor do sistema político. Logo no início está a escolha dos deputados, feita dentro dos partidos. Aqui, os cidadãos sentem-se afastados de uma escolha que, supostamente, os vai representar no Hemiciclo. Nas eleições legislativas, em vez de se pensar em eleger um Parlamento, discute-se nomes para o futuro primeiro-ministro. O Parlamento fica com poucos poderes e, em vez de fiscalizar o Governo, verifica-se exactamente o contrário. O facto do Parlamento se fechar, não deixando que os cidadãos conheçam o seu trabalho, aumenta a desconfiança.
A actual situação económica, nada favorável para um bom nível de vida, o afastamento de Bruxelas em relação aos cidadãos portugueses e os poucos poderes do Presidente da República vêm logo a seguir na hierarquia dos factores que levam ao descrédito da política. A realidade é que a abstenção tem tendência a aumentar e o desinteresse por tudo o que saia da Assembleia da República não parece que irá parar.
Caminhar para um regime político presidencialista não será a melhor solução para acabar com o desinteresse político. Os partidos terão que abrir as suas portas aos cidadãos e fazê-los sentir que fazem parte da vida activa. Caminhar para um sistema político assente numa Democracia Directa (talvez o sistema político mais perfeito) poderá ser a solução para diminuir o descrédito do Parlamento. Mas fazê-lo só por fazer é muito perigoso.
Para que uma Democracia Directa tenha sucesso é preciso apostar em algo que até hoje não se fez - na educação política. Aqui não basta divulgar as ideias políticas desde a antiguidade até hoje. É preciso também explicar a estratificação política, o papel de todos os agentes e, acima de tudo, explicar que as decisões políticas têm influência directa em praticamente todos os aspectos da vida. Seria interessante fazer um inquérito e perceber quantos portugueses sabem o que é um Orçamento de Estado.
Sem educação política os cidadãos continuarão a fugir dos centros de decisão. A política corre o risco de cair num descrédito total, e aí sim, todo e qualquer regime correrá perigo.
A mutação interna nos partidos, efectuada de dentro para dentro, faz com que os cidadãos se afastem com grande descontentamento e estejam cada vez mais longe da vida política.
O Regime político português não está propriamente comprometido com o descrédito que a política tem vindo a sofrer ao longo dos tempos. Portugal vive numa Democracia que, para já, não corre perigo de ser ameaçada devido ao «medo» que existe por outros regimes. O sistema político, esse sim, corre sérios riscos de não sair inócuo da pouca preocupação que os agentes políticos têm vindo a conceder ao afastamento das pessoas pela política. O descrédito deve-se a diversos factores e englobam quase todos os agentes políticos.
Os partidos políticos são os que mais contribuem para o aumento do desinteresse das pessoas pela política. A sua auto-mutação, em que as mudanças de «caras» não traduzem propriamente uma alteração de ideias, faz com que a falta de confiança seja constante e, quer seja um ou outro partido a governar, as condições de vida não irão melhorar. Os «jogos políticos» pouco claros, que apenas transparecem a ideia que se luta pelo poder para se ter o poder, não contribuem para que os cidadãos se aproximem dos centros de decisão.
Praticamente todos os partidos políticos portugueses fecharam as portas e não procuram mecanismos para se aproximarem dos cidadãos, criando a ideia que só são precisos para os colocar no «cadeirão» e que depois não servem para mais nada. Mesmo dentro dos partidos os militantes sofrem se não integrarem a mesma «manada» e abanarem a cabeça quando os líderes falam. As pessoas sentem que não fazem parte da vida política e que a sua opinião só serve nos domingos em que há eleições.
O Parlamento português também sofre um decréscimo de popularidade, o que não abona nada a favor do sistema político. Logo no início está a escolha dos deputados, feita dentro dos partidos. Aqui, os cidadãos sentem-se afastados de uma escolha que, supostamente, os vai representar no Hemiciclo. Nas eleições legislativas, em vez de se pensar em eleger um Parlamento, discute-se nomes para o futuro primeiro-ministro. O Parlamento fica com poucos poderes e, em vez de fiscalizar o Governo, verifica-se exactamente o contrário. O facto do Parlamento se fechar, não deixando que os cidadãos conheçam o seu trabalho, aumenta a desconfiança.
A actual situação económica, nada favorável para um bom nível de vida, o afastamento de Bruxelas em relação aos cidadãos portugueses e os poucos poderes do Presidente da República vêm logo a seguir na hierarquia dos factores que levam ao descrédito da política. A realidade é que a abstenção tem tendência a aumentar e o desinteresse por tudo o que saia da Assembleia da República não parece que irá parar.
Caminhar para um regime político presidencialista não será a melhor solução para acabar com o desinteresse político. Os partidos terão que abrir as suas portas aos cidadãos e fazê-los sentir que fazem parte da vida activa. Caminhar para um sistema político assente numa Democracia Directa (talvez o sistema político mais perfeito) poderá ser a solução para diminuir o descrédito do Parlamento. Mas fazê-lo só por fazer é muito perigoso.
Para que uma Democracia Directa tenha sucesso é preciso apostar em algo que até hoje não se fez - na educação política. Aqui não basta divulgar as ideias políticas desde a antiguidade até hoje. É preciso também explicar a estratificação política, o papel de todos os agentes e, acima de tudo, explicar que as decisões políticas têm influência directa em praticamente todos os aspectos da vida. Seria interessante fazer um inquérito e perceber quantos portugueses sabem o que é um Orçamento de Estado.
Sem educação política os cidadãos continuarão a fugir dos centros de decisão. A política corre o risco de cair num descrédito total, e aí sim, todo e qualquer regime correrá perigo.
*jornalista e membro do Clube