António Fernandes |
O culto do personagem é
um exercício cultural que advém das diversas contradições sociais e que,
culminou, a partir de final do século passado com a formação de um perfil
sociólogo de competição, conducente ao sucesso pessoal e profissional em que
vale tudo, nomeadamente:
ü
não olhar a meios para conseguir os fins;
ü
inflexibilidade comportamental;
ü
razão absoluta opinante;
Uma malformação na
estrutura educativa objetivando, em exclusivo, as necessidades do mercado de
trabalho e, nesta componente, o aumento da produção com rácios de qualidade, assim
como o aumento da competitividade comercial, argumento da livre concorrência
entre mercados, descurando a educação, os valores fundamentais que em sociedades
se interligam e interagem de forma umbilical na organização social desta, desde
o seu embrião:
ü
o individuo;
ü
a família;
ü
o meio;
Até ao topo de uma pirâmide
assente num conjunto de valores transitados de geração em geração, sempre em
articulação com o meio e demais parceiros primários; secundários e, terciários.
Cujas raízes se tem vindo a quebrar em resultado da paragem no tempo, por
pressão do interesse organizado em círculos restritos, herméticos, mas que
condicionam e ditam as políticas estruturais, de todo o sistema educativo em áreas
sistémicas:
ü
formação;
ü
conhecimento;
ü
objetivos;
Espezinha-se assim o
valor principal de suporte a uma organização da sociedade intelectualmente
saudável e de discernimento célere e de que tem resultado várias gerações de
indivíduos com ambição desmedida, independente do sexo.
Esta evidência tem o seu
epicentro na alteração contínua da conjuntura existente em que, a harmonia não
existe e a articulação surge como consequência necessária para a interação
geral do individuo, em cada momento específico e, em que o fio da
transversalidade geracional se quebrou.
No entanto, atravessamos
um tempo em que este culto está a esmorecer em resultado do nivelamento
académico e que por isso está a dar origem a uma viragem na conceção daquilo
que é a organização social e política do Estado dando azo a que as gerações
atuais e as seguintes olhem o futuro de forma diferente daquelas que lhe
antecederam.
Há um confronto
generalizado em vários pontos do mundo, de luta pelo poder político, mas também
de equilíbrio ambiental e de defesa da biodiversidade assim como índices de preocupação
elevados no que concerne a matérias primas nomeadamente:
ü
as linhas freáticas;
ü
o aquecimento global;
ü
a poluição dos oceanos;
Estamos assim perante um
novo ciclo de contradições sociais que obrigam a organização das sociedades a
repensar todos os seus hábitos, usos e costumes, em que o seu pilar central tem
de ser a educação para um novo perfil sociológico em torno de valores como o
são;
ü
a solidariedade social;
ü
a equidade em todos os domínios;
ü
a justiça alicerçada na razão coletiva;