António Fernandes |
Uma coisa complicada,
de tal forma complexa em que ninguém acredita porque nunca funcionará.
Este rótulo, o de uma
geringonça, foi um rótulo depreciativo com que a dupla: Passos Coelho e Paulo
Portas, este ultimo, entretanto desaparecido, sem que se saiba se de forma
“irrevogável”, uma vez que Assunção Cristas não tem dado conta do recado
perdendo credibilidade junto do seu eleitorado tradicional que a olha de viés
face ao nível das propostas apresentadas no Parlamento e das sugestões
completamente à toa com que os tem brindado sem qualquer sustentação credível
de viabilidade social em seu beneficio salvo o dos interesses de uma minoria
que se serve do partido para segurar um espaço que diminui a sua influencia
politica mas também económica.
Paulo Portas, conjuntamente
com os seus pares no tempo, rotularam a viabilidade de um acordo Parlamentar
entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, Os Verdes e o Partido
Comunista no sentido de que o Partido Socialista apresentasse uma solução de
Governo da República liderada pelo seu Secretario Geral, António Costa, de ser
uma autêntica “geringonça” que duraria três meses na melhor das hipóteses.
Esqueceu-se Paulo
Portas de que a dinâmica política e social não se compadece com vaidades
saloias e muito menos com comentários de cordel numa qualquer estação de
televisão que só promovem o próprio enquanto que o seu partido ao passar para
segundo plano da contenda politica sem uma liderança forte ficou condenado a
implodir numa outra qualquer solução politica de direita que viesse a surgir.
Pedro Passos Coelho,
derrotado no Parlamento e dentro do seu Partido, “cobrou” o estatuto de
Professor Universitário deixando boquiaberto o meio académico, docentes e
alunos, mas também a sociedade em geral, ao “passar a imagem” de que afinal
qualquer um pode exercer tão distinto cargo desde que tenha os apoios
necessários para o efeito sem que seja necessária formação especifica para o
efeito. “Queimar as pestanas” como se diz na gíria do meio.
E, assim, mudou de
ares como a quase totalidades dos seus antecessores com responsabilidades
políticas neste espaço do centro direita que navega entre a social democracia
da direita conservadora e o neoliberalismo da direita mais retrógrada. Algo de
comum neste espaço político de onde quase todos somem porque lhes serviu de
trampolim para outros voos melhor remunerados a troco das benesses que tiveram
de conceder.
É neste cenário de
orfandade que surge um “salvador” quiçá, bem aconselhado e sem nada a perder na
sua esfera de influência privada, a tentar reunir os cacos em que toda a
direita se fragmentou.
Pedro Santana Lopes.
Mais um Pedro.
Um Pedro que funda um
partido político de nome Aliança.
Uma Aliança que tenta
agregar à sua volta toda a direita transitada do Estado Novo em sintonia com a
direita emergente mais a direita que se autointitula de a direita dos valores,
assim como a direita que se rotula de ser social democrata até à franja da
direita escondida na aba politica da direita socialista.
Rui Rio que se cuide porque
o seu espaço minga e o PS de António Costa que se cuide também porque a
esquerda social e política concentra sinergias e cada vez mais é exigente no
que toca a soluções políticas conducentes a um modelo de Estado Social.
Uma nova conjuntura a
considerar em profundidade nas próximas Eleições Legislativas.
Entretanto, a
geringonça do rótulo inicial aposto por Paulo Portas, esse que os detratores
internos aproveitaram de imediato para uso de critica fácil e que foi coisa que
não conseguiram, uns e outros, porque a execução política das mediadas
acordadas entre as partes tem trazido ao País resultados positivos em todas as
frentes do combate político, económico, financeiro e social nomeadamente nos
domínios:
-
execução orçamental;
-
estabilização da divida externa com
redução pontual;
-
recuperação do emprego diminuindo a taxa
do desemprego;
-
aumento do investimento externo e
interno;
-
reposição do poder de compra
generalizado;
-
reposição de regalias retiradas aos
funcionários do Estado;
-
reposição dos direitos inferidos aos
feriados nacionais retirados;
-
aumento do salário mínimo nacional:
-
aumento das pensões de reforma;
-
entre um conjunto de medidas mais
alargadas como o são o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e muitas
outras não enumeradas;
Virou-se o feitiço
contra o feiticeiro e, afinal, o que ficou em formato geringonça foi:
o acordo PSD/CDS que
colapsou;
o perfil Paulo Portas
que Implodiu;
a figura de Passos
Coelho que se remeteu à insignificância intelectual de que é dotada;
o bluff monstruoso de
que a comunicação social é capaz ao forjar a mediocridade em sapiência e a
sapiência em mediocridade;
Abortaram também as
“barrigas de aluguer” internas que tudo fizeram para que o Partido Socialista
não assumisse a sua vocação ideológica liderando uma alternativa de Governo de
esquerda ao ponto de juntarem a sua voz às intenções da direita mais radical de
que há memória que defendiam um Governo PSD só porque esse foi o partido mais
votado.
Votando ao
desinteresse a vontade do eleitorado que elegeu uma maioria Parlamentar de
esquerda representativa, e que um Governo da Nação deve refletir essa vontade
política porque a eleição legislativa é uma eleição para o Parlamento e não uma
eleição direta num partido para que forme governo.
O nosso sistema
político tem regras a que os partidos políticos concorrentes estão obrigados
sendo que, dispor do apoio de uma maioria Parlamentar é incontornável para que
se forme Governo; aprove o Orçamento Geral do Estado; aprovem medidas
legislativas de sustentação politica; demais medidas e propostas de âmbito e
influencia social que também necessitam dessa maioria para que sejam aprovadas.
Por isso, ao invés da
geringonça que se solidificou, a direita esboroou-se e tornou-se ela próprio em
uma geringonça desalmada à procura de soluções em fase de desespero.
Com Pedro, sem Pedro.
Com Rui, sem Rio, ou coisa que lhes valha.