07/09/2018

O neoliberalismo não é, uma solução política para o futuro





António Fernandes 
O neoliberalismo é uma corrente do pensamento político sem fundamento filosófico que ajuíza ser possível organizar a economia em torno de dois vetores: transformação e consumo sem qualquer intervenção do Estado e, se possível, a inexistência da eficácia organizativa e de fiscalização e controlo do Estado através dos seus mecanismos legais.
Omite as reservas naturais e a sua implantação geográfica condição que obriga a entendimentos internacionais com premissas de respeito pela identidade nacional que configura o Estatuto de Nação e de Estado autónomos, com independência, autoridade internacionalmente reconhecida, legislação própria em todos os domínios e de soberania territorial.
A produção estabeleceria relação direta com os seus consumidores finais, livres de impostos, como que a célula mais pequena da organização social, a família, subsista  exclusivamente do consumo e, a educação e demais valências de proteção, salvaguarda e de garantias sociais que são da exclusiva responsabilidade do Estado, sejam algo de somenos importância que se varre para debaixo do tapete com um seguro de responsabilidade civil sempre limitada, sem qualquer intervenção do Estado que somos todos nós, como se fosse possível no tempo presente substituir toda uma estrutura de serviços públicos por serviços privados sem qualquer nexo ou sentido visando exclusivamente o lucro desenfreado sem ter em conta o preço politico e histórico a “pagar” pelas gerações futuras. Nomeadamente pela via da recessão provocada pelo desinvestimento publico uma vez que o privado, como é referido, visa o lucro e, nesse sentido, minimiza ao máximo o custo e a despesa e maximiza o preço de venda de acordo com a concorrências existente que, no caso, acabaria toda cartelizada ou em monopólios.
É neste complexo puzzle composto, com base na procura que se desenvolve a oferta e, o consumo com origem na necessidade básica, complementar ou, gerada, motivando uma espécie de concorrência que não olha a meios para atingir fins propiciando o modelo de organização política assente na exploração desenfreada de todos os meios disponíveis, eliminando a manufatura e por essa via, dispensa a mão de obra humana, conduzindo o mundo moderno para o modelo político neoliberal. Um modelo desregrado em que a intervenção económica é exclusivamente controlada pela iniciativa privada e a intervenção do Estado nula, dando origem a um Estado amorfo, totalmente desresponsabilizado de todas as suas funções: económicas, políticas e sociais, assente em um tentacular “mundo” de sistemas operativos que se encarregam de instruir os terminais de cobrança de impostos aos mais pobres.
O Neoliberalismo, é um modelo de organização política experimental, que se desenvolveu nos finais do século XX, em que se fundem a ideia tecnocrata do exercício do poder sem ideologias de suporte filosófico com um conceito de Estado sem ideias políticas estruturantes, nem autonomia de gestão económica própria ou de “ingerência” nas diretivas nacionais. Cabendo por isso à iniciativa privada o preenchimento desse espaço político que ajuízam ser seu por direito sucessório ou outro relacionado com predicado elitista conservador.
Se para a tecnocracia a essência do poder reside na aplicação de métodos científicos na resolução de problemas sociais, para os defensores do neoliberalismo o Estado é um estorvo para a iniciativa privada impedindo a livre concorrência em que os preços baixos associados a baixos salários mais a redução dos impostos são o cerne da solução dos problemas da Nação e o Estado seria a muleta geoestratégica do controlo sobre as populações.
Nesta lógica, os tecnocratas associados aos interesses privados de pendor capitalista, são a solução para a ancestral aspiração do conservadorismo tradicional que nunca aceitou a evolução do conhecimento generalizado por defender o princípio da existência de uma elite com vocação liderante que não reconhece aos povos subjugados essa competência.
Confluem em si uma espécie de mentalidade negreira que olhava a raça negra como sendo uma espécie animal irracional e por isso de tratamento inferior sem alforria para ser autónoma. Ou, a aspiração fascista do predomínio racial aperfeiçoado pelo racismo científico Nazi.
Uma forma de olhar para o futuro com um único fito: Combater o futuro.
Fica por se saber se o processo Legislativo deixa de ser processado por uma Assembleia eleita, para ser processado de forma autoritária e intolerante em regime de partido único, ou se, através de mecanismos legais, conseguem impor as Leis que lhes interessam transitando para um modelo bipartidário similar ao já existente em alguns Países e, com os resultados conhecidos: os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.
Ou então, se a Legislação resultará de um processo em que os elementos introduzidos por interesses específicos das elites sobranceiras farão Lei através de razão suposta, produzida por meio artificial.
E ainda, se a democracia multipartidária resultará tão inócua, implodindo, anulando-se, de forma a ser tomada de assalto por bandos de criminosos organizados.