António Fernandes |
As sociedades atuais, com suporte tecnológico que dispensa o
Homem, poderão ser sociedades de sucesso ou de retrocesso consoante as
lideranças que tiverem:
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Se tiverem lideranças com visão de solidariedade
e respeito social. Terão sucesso.
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Se tiverem lideranças com visão meramente
economicista de pendor neoliberal. Terão retrocesso.
O que presumo estar a acontecer é haverem duas frentes em
disputa pelas lideranças políticas nacionais:
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Uma que defende a organização política e social
do Estado assente numa maior distribuição da receita comum para a qual todos
contribuirão de acordo com os seus rendimentos. Em que o cidadão percebe que,
pagando impostos, está a salvaguardar a sua qualidade de vida presente e
futura. Mas também percebe que, ao elevar o nível cultural existente,
usufruindo de rendimento salarial ou outro compatíveis com o nível de vida
balizado por fatores credíveis de satisfação avalizada, as suas ambições serão
de sustentáculo ético e solidário para com a sociedade no seu todo e a fasquia
dos valores sociais será sempre de um nível elevado para responder em tempo
útil a todas as necessidades que cada vez vão serão de grau mais elevado. Em
qualidade e eficácia ambientalmente sustentável.
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E, uma outra que defende uma organização
política e social do Estado assente no principio de que o investimento deve
gerar receita em favor do investidor, independentemente da forma e com que
capitais esse investimento é feito e de como é apurado esse rendimento sendo
que, a estrutura central do modelo assenta em cartéis e carroceis instalados de
forma centrifuga na capitalização dos ativos comuns em favor de uma casta que
se protege, e, em prejuízo das populações que em vez de se libertarem das privações
existentes as verão ser agravadas em todos os fatores de relevância para as
suas vidas, sejam do foro económico, social
ou outros. Porque o lucro para existir tem de haver aumento de custos no
consumidor final tantas vezes quantas as vezes o mesmo produto circular.
Condição central para o aumento do fosso entre os ricos que acumulam esses
lucros e os pobres cujo rendimento não acompanha a discrepância do preço inicial
do produto até ao preço final por que o paga para o poder consumir.
E, as terceiras vias tão do agrado daqueles que procuram
sempre na estratégia politicamente correta de camuflagem ou dissimulação, a uma
distância considerável do camaleão porque esse usa o disfarce para se defender
dos seus predadores?
É uma questão pertinente porque para um vasto leque de
pensadores políticos e estrategas didáticos sociais, já não há espaço económico
e social para terceiras vias politicas como os pretensos e prosaicos economistas
do presente, acompanhados por pretensos “quadros” políticos, gostam de dissecar
em autenticas verborreias mentais, verbais e escritas, veiculadas por órgão de
comunicação social, sem que consigam explanar uma única ideia que lhes seja
comum num meio em que as assimetrias, sejam elas da índole que forem, são
transversais ao novo ciclo político onde pontuam perseguidores de cargos
convencidos que são lideres com carisma sem sequer ter a preocupação de
certificar se essa suposta liderança tem qualquer cabimento ou é aceite pelos
pares e em consequência disso pelas populações, acompanhados por serviçais de
ocasião que se contentam com as migalhas que o amo sacode da mesa. O poder tem
destas coisas. “Eles comem tudo eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam
nada”. Como o disse e cantou José Afonso.
Esta simplicidade de analise é incomum para todos aqueles
que complicam de forma a dificultar o raciocínio e influenciar as novas
gerações no sentido de que:
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para haver emprego, tem de haver disciplina;
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para haver estabilidade, tem de haver
disciplina;
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para haver futuro, tem de haver disciplina;
Aquilo
que não dizem é que o princípio da disciplina é aquele que é socialmente aceite
e nunca aquela que lhes querem impor!
E
esse princípio é a principal base de suporte da liberdade e da democracia,
nunca de uma ditadura. Porque nessa, a disciplina não é aceite, é imposta.