18/08/2018

Eles ainda comem tudo, no presente (parte 2)



António Fernandes

As sociedades atuais, com suporte tecnológico que dispensa o Homem, poderão ser sociedades de sucesso ou de retrocesso consoante as lideranças que tiverem:
-       Se tiverem lideranças com visão de solidariedade e respeito social. Terão sucesso.
-       Se tiverem lideranças com visão meramente economicista de pendor neoliberal. Terão retrocesso.
O que presumo estar a acontecer é haverem duas frentes em disputa pelas lideranças políticas nacionais:
-       Uma que defende a organização política e social do Estado assente numa maior distribuição da receita comum para a qual todos contribuirão de acordo com os seus rendimentos. Em que o cidadão percebe que, pagando impostos, está a salvaguardar a sua qualidade de vida presente e futura. Mas também percebe que, ao elevar o nível cultural existente, usufruindo de rendimento salarial ou outro compatíveis com o nível de vida balizado por fatores credíveis de satisfação avalizada, as suas ambições serão de sustentáculo ético e solidário para com a sociedade no seu todo e a fasquia dos valores sociais será sempre de um nível elevado para responder em tempo útil a todas as necessidades que cada vez vão serão de grau mais elevado. Em qualidade e eficácia ambientalmente sustentável. 
-       E, uma outra que defende uma organização política e social do Estado assente no principio de que o investimento deve gerar receita em favor do investidor, independentemente da forma e com que capitais esse investimento é feito e de como é apurado esse rendimento sendo que, a estrutura central do modelo assenta em cartéis e carroceis instalados de forma centrifuga na capitalização dos ativos comuns em favor de uma casta que se protege, e, em prejuízo das populações que em vez de se libertarem das privações existentes as verão ser agravadas em todos os fatores de relevância para as suas vidas, sejam do foro  económico, social ou outros. Porque o lucro para existir tem de haver aumento de custos no consumidor final tantas vezes quantas as vezes o mesmo produto circular. Condição central para o aumento do fosso entre os ricos que acumulam esses lucros e os pobres cujo rendimento não acompanha a discrepância do preço inicial do produto até ao preço final por que o paga para o poder consumir.
E, as terceiras vias tão do agrado daqueles que procuram sempre na estratégia politicamente correta de camuflagem ou dissimulação, a uma distância considerável do camaleão porque esse usa o disfarce para se defender dos seus predadores?
É uma questão pertinente porque para um vasto leque de pensadores políticos e estrategas didáticos sociais, já não há espaço económico e social para terceiras vias politicas como os pretensos e prosaicos economistas do presente, acompanhados por pretensos “quadros” políticos, gostam de dissecar em autenticas verborreias mentais, verbais e escritas, veiculadas por órgão de comunicação social, sem que consigam explanar uma única ideia que lhes seja comum num meio em que as assimetrias, sejam elas da índole que forem, são transversais ao novo ciclo político onde pontuam perseguidores de cargos convencidos que são lideres com carisma sem sequer ter a preocupação de certificar se essa suposta liderança tem qualquer cabimento ou é aceite pelos pares e em consequência disso pelas populações, acompanhados por serviçais de ocasião que se contentam com as migalhas que o amo sacode da mesa. O poder tem destas coisas. “Eles comem tudo eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada”. Como o disse e cantou José Afonso.
Esta simplicidade de analise é incomum para todos aqueles que complicam de forma a dificultar o raciocínio e influenciar as novas gerações no sentido de que:
-       para haver emprego, tem de haver disciplina;
-       para haver estabilidade, tem de haver disciplina;
-       para haver futuro, tem de haver disciplina;

Aquilo que não dizem é que o princípio da disciplina é aquele que é socialmente aceite e nunca aquela que lhes querem impor!
E esse princípio é a principal base de suporte da liberdade e da democracia, nunca de uma ditadura. Porque nessa, a disciplina não é aceite, é imposta.