Rogério Pires |
Muito
se tem escrito, nos últimos dias sobre a Caixa Geral de Depósitos, os seus
colaboradores e uma greve que estes fizeram recentemente.
De
tudo o que por aí se disse e escreveu, há muita falta de conhecimento sobre o
que se opina, e, assim sendo acabam dizendo ou escrevendo muita coisa, mas que
não correspondem à verdade.
A
CGD tem 142 anos, é uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos,
sendo portanto seu único acionista o Estado. Ao longo da sua vida a CGD gerou
milhares de milhões de lucros que foram passiveis de IRC entregando-os, os
lucros e os impostos ao Estado este como seu único acionista e o imposto devido
receita do OE, contribuindo assim duplamente para as contas públicas, para além
de ter contribuído de forma ativa na Economia que foi financiando até sendo
pioneira em alguns tipos de apoio à Agricultara e Pesca e no Crédito à
Habitação a particulares. Sempre que a CGD viu o seu capital social aumentado,
quer pela necessidade de o ir adequando ao seu volume de negócio, quer
acompanhando os aumentos de capital dos Bancos concorrentes, foram sempre
operação de transferência entre ativos do Estado, isto é aumenta o seu peso como
acionista na CGD, por contrapartida de fundos do Tesouro, sendo ambos ativos do
mesmo Estado e portanto não alterando quantitativamente o seu valor. Exemplo:
Tenho 500.000 € em depósitos de seguida compro por 100.000€ uma participação numa
sociedade anónima. O meu património continua a ser de 500.000€ apenas agora
constituído por 100,000€ da participação do capital social e 400.000€ em
depósitos. Acresce ainda dizer que os colaboradores da CGD com os seus salários
e regalias contemplados em Acordo de Empresa, aceites pelas partes, não pesam um cêntimo no OE do Estado, são
fruto do seu trabalho e esforço. Se nos últimos anos gerou prejuízos, é preciso
esclarecer que aconteceram por duas razões fundamentais. A situação de pré
bancarrota a que Portugal chegou em 2011, fruto de uma governação socialista do
PS, que teve entre outras consequências o forte aumento do desemprego, e a
falência de empresas, o que fez obviamente aumentar os prejuízos, por outro
lado e já é publico, que há um conjunto de créditos de valores
muito elevados, concedidos no período de 2005 a 2008, que esses sim, tiveram um
peso extraordinário nesses prejuízos. Uma Comissão de Inquérito da AR tentou
clarificar todo o assunto, mas as esquerdas unidas, PS, PCP e BE deram por finda
a referida comissão, antes de estar esclarecida toda a situação. Porque tem
receio as esquerdas que se saiba, quem concedeu, em que circunstâncias, quando
e porquê foram concedidos os créditos, que se revelaram ruinosos ?. Porque razão António Costa
anunciou em Março de 2016 a necessidade urgente de recapitalização da CGD e
depois demorou mais de ano a fazê-lo ? Onde estava urgência ? O que originou,
foi ter deixado a Caixa a torrar em lume brando na opinião pública, causando
graves prejuízos de imagem. Depois nomeou António Domingues para Presidente do
CA e fez-lhe promessas ilegais que não poderia cumprir, tais como a isenção de
apresentação de declaração e rendimentos e de património e que culminou com a
sua demissão. E voltou a ter a Caixa envolta em nova polémica.a
Em
relação às condições dos trabalhadores, resultam de um Acordo de Empresa
negociado e aceite pelas partes contratantes. Até parece que nas outras
empresas os trabalhadores não tem condições de algum favorecimento no acesso
aos bens que a empresa comercializa. Na EDP os trabalhadores tem a energia
elétrica mais barata, na Petrogal os trabalhadores tem combustíveis mais
baratos, na PT os trabalhadores as comunicações mais baratas. Pois na Caixa o
negócio é dinheiro e tem os seus trabalhadores melhores condições de preço no
acesso ao crédito. Tudo o que recebem da Caixa, se deve ao seu trabalho e
empenho, não pesando um cêntimo que seja ao Orçamento Geral do Estado. Esta fúria
de nivelar por baixo, é bem típica das esquerdas totalitárias e radicais cujo
vírus afetou gravemente o PS cuja inveja é também típica destas situações.
Centremo-nos,
isso sim, em que se faça justiça esclarecendo as situações dos tais créditos,
que afetaram em milhares de milhões as contas da CGD e exigindo saber toda a
verdade, com responsabilização de quem tenha contribuído para que a Caixa tenha
chegado a essa situação.