António Fernandes |
A cidade dos
arcebispos bem pode puxar dos seus predicados de cidade da opulência que jamais
conseguirá disfarçar a mácula da pobreza que alberga no seu seio e a consome.
De nada lhe
adianta penalizar para esconder ou até perseguir para que se não veja ou mesmo
encarcerar.
A pobreza é o
limite da resistência pela vida onde a fome impõe regras de sobrevivência sem
Lei que dite o comportamento nem repressão que coíba o seu manifesto.
Não adianta
por isso mandar a autoridade prender ou a caridade dar alimento por um dia
sabido que é não resolverem coisa nenhuma se não tiverem a sensatez e a
sensibilidade para procurar solução de fundo e duradoura.
As
iniciativas tomadas pelos seus angélicos governantes e o pudor eclesiástico
recolhido, mais os em permanência pendurados nas comparticipações financeiras
do Estado e da Comunidade Europeia usando o combate à pobreza; a inclusão; o
desemprego; e tudo o mais que socialmente seja reprovado, como argumento para
conseguirem aprovação de candidatura a fundos de financiamento, acabam a
distribuir benesses e elogios enquanto que os que deviam beneficiar dessa
autentica "orgia" continuam enclausurados nas condições de pobreza em
que vivem por condição ou por consequência.
- A pobreza
generalizada resultante de baixo rendimento do agregado familiar é generalizada
no nosso Concelho;
- A pobreza
carreada por exclusão social é uma chaga transversal por onde exala nauseabundo
odor advindo de uma educação em que a culpa é solteira;
- A pobreza
escondida por de trás das vidraças das janelas por vergonha isolamento ou idade
é uma constatação a que a família não pode enjeitar responsabilidade e os
poderes instituídos a assunção de culpa por inércia.
Este é o
negro cenário da pobreza que quem pode não quer ver e cujo branqueamento com
festas não consegue esconder e muito menos colmatar.
As
instituições de solidariedade social escudam-se sempre por de trás de
dificuldades económicas para manterem a face lavada esquecendo o voto público
de solidariedade e de fraternidade na partilha das dificuldades e no
voluntarismo da contribuição.
Uma treta
pegada para com todos aqueles que acabam por dar por mal empregue o tempo
dispendido ao serviço de vaidades sem que o seu objetivo de serviço tenha sido
conseguido.
Importa por
isso pensar as carências sociais à luz das necessidades das pessoas e não à luz
do interesses eleitorais de alguns que acumulam interesse com desempenho sem se
preocuparem com o eventual conflito moral de se servirem alegando que estão a
servir.
Talvez por
isso a Rede Social não consiga mobilizar o interesse e empenho participativo
das comunidades locais onde se fica sem saber onde começa o perfil do
presidente de junta e o do defensor de interesse de uma qualquer IPSS sem que
todo o conjunto das forças sociais e associativas locais participem.