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| Valdemar Ribeiro* |
Desde os
primórdios de sua
existência , o ser humano
e outros grupos
de seres vivos
tiveram a necessidade
de lideranças muitas
vezes nascidas pelo desejo
de dominação e imposição
da força bruta
e não pela
razão.As lutas
pela posse das
melhores terras para
caçar e morar
deram origem às
guerras e estas
necessitam de quem
as comande ou
seja uma maioria
obedecendo a uma
minoria que ordena .
Quando as
guerras surgiram nos
primórdios da humanidade , a
força bruta era
necessária principalmente porque
as armas utilizadas
eram pesadas e
as distâncias a
percorrer a pé
ou à cavalo
eram longas e
desgastantes e os
perigos físicos eram grandes e reais
.
Estas condições
físicas difíceis permitiram
ao homem adulto ,
animal com mais
força física do
que a mulher
, impor-se e
dominar assumindo a
liderança do grupo
integrado por homens
, mulheres ,
crianças e idosos.
Hoje em
dia sabe-se que
os líderes que
utilizam a força
bruta mental ou
física para se
imporem e dominarem
não são certamente os mais
sábios e basta
observar os modos
de vida ,
os gostos ,
o lazer ,
os modos de
estar e ser de cada uma dessas lideranças .
As lideranças brutas normalmente são a
base fundamental para o prolongamento ou inicio
de guerras pois
desenvolveram em si
o espírito de
poder como fim .
O poder pessoal
como um fim obriga
à necessidade de liderados dominados para
a manutenção desse
poder .
“O
poder quando utilizado como um meio
e de forma
consciente permite um
desenvolvimento maior e sustentado
das sociedades humanas mais
modernas e
é o que
se pode constatar nas poucas
sociedades realmente mais mais
desenvolvidas tais como
na Suécia , Finlândia , Noruega ou
em algumas outras
sociedades tribais naturais tais
como os índios do interior da Amazónia ,
algumas tribos de
África e sudoeste
asiático mas que a cada dia que passa
são cada vez mais violentadas por muitas das
sociedades humanas urbanizadas
, ditas civilizadas mas que perderam um sentido de desenvolvimento colectivo humano e global
e que se utilizam do poder como
fim para dominarem e
violentarem as sociedades
mais fragilizadas física e
intelectualmente” .
Por sua vez
, os
liderados desenvolvem em si
esse poder pois
o chefe transmite
ao seu subordinado
seu modo de
ser embora em
escala menor .
No seu cargo
hierárquico inferior mas
de comando ou no seu
pequeno mundo familiar
, o subordinado
exerce seu pequeno
poder , muito
para ele ,
gerando-se assim um
circulo vicioso em
que liderados sustentam
os líderes e
vice-versa , um
precisa do outro
para subsistir senão
acaba , implode .
As organizações
precisam de gentes (crentes) e
quantos mais gentes
maior a “suposta verdade” mas e se
a suposta verdade não é verdadeira ?
Torna-se verdade no
filho aquilo que no pai era mentira .
E se não houver
gentes para as supostas
verdades ?
Nas sociedades
aonde os indivíduos
na maioria têm
em si esse
espírito de poder
como fim ,
sentimento esse que
necessita de líderes
e liderados para
sobreviver , só
pela imposição do
medo através da
força bruta subtil
ou directa , leis com
castigos , ameaças
, etc. ,
é possível criar
uma certa ordem
exterior social e estrutural
, física e
psíquica , pois
de outro modo
seria o caos .
Nas sociedades
humanas muito desenvolvidas
ou sociedades tribais
naturais e equilibradas ,
sociedades que desenvolveram um espírito colectivo humano e
global , aonde
o poder como
fim não se
coloca pois há uma
consciência colectiva , o
líder , o
cacique , o soba
ou o rei ou o
chefe , exerce uma
função de aconselhar
e não a
de ordenar ou impor ,
é líder por ser o mais
sapiente do grupo .
É o
líder por
ser o MAIS
VELHO ,
por ter um
aprendizado maior da
vida e já
lhe ter passado
a impulsividade da
juventude mas há
jovens também que são
sapientes nas suas
atitudes ou buscam a
sapiência como fim .
O "MAIS
VELHO " é aquele
que pode ajudar
a ponderar , com cautela , as
questões do grupo e
sua autoridade
nasce de sua
sabedoria no trato respeitoso e
nos conselhos dados
e lhe é
prestado o maior
respeito por sua liderança sapiente .
Quando
ao jovem é dada
a oportunidade ,
desde cedo ,
entre o bem e
o mal , ele
geralmente escolhe o bem pois este
trás um maior
conforto mental .
O
instinto natural de todos os
seres humanos é escolher o melhor e o
melhor é o bem colectivo pois este envolve o individual .
Os seres
humanos , como qualquer grupo animal ,
são seres colectivos
no seu instinto .
Uma
das diferenças entre
a cultura ocidental
e a cultura
oriental , no geral , é
que a cultura
ocidental , em alguns
grupos , considera o ser humano como um ser
com instinto do pecado e por
isso constrói sua cultura
fundamentada no pecado , o que parece um grave
erro quando se tem uma visão
inteligente do universo .
Como pode
um adulto humano inteligente dizer
que uma criança , uma
bela e doce
criança com seu riso
cristalino num ambiente social
equilibrado , é
pecadora nos seus instintos naturais ?
A cultura
oriental , em
certos grupos ,
considera o ser humano
sem pecado ou seja ,
o ser humano nasce com o instinto do bem e
depende das oportunidades que lhe
são oferecidas pela
vida o desenvolvimento equilibrado e harmonioso desse instinto.
Esta
filosofia de visão oriental dá uma amplitude
mais profunda ao sentido e à
realidade da vida .
Um
individuo ou animal sozinho
no planeta não consegue subsistir
, razão porque a
natureza criou o macho
e a fêmea , o positivo e
o negativo , para haver equilíbrio .
Nas sociedades humanas mais
equilibradas ou desenvolvidas
, os mais
velhos e as
crianças não são comandados nem
são obrigados a executar
tarefas para o
grupo sendo os
mais protegidos por
serem fisicamente os
mais frágeis apesar
de participarem voluntariamente dos
trabalhos do grupo
, aprendendo e ensinando .As relações
sociais nestes grupos
ordenam-se pelo "principio da
colaboração" ou pelo “principio da sabedoria” .
Todas
as sociedades humanas têm necessidade
de lideranças administrativas e
outras lideranças mas
estas devem desenvolver-se através
de um espírito de
colaboração , espírito da sapiência e não do espírito da dominação ou
exploração , espírito cujo
fim em si é o poder e a
dominação .
