21/02/2018

A Escola e o associativismo



António Fernandes 
O associativismo é, na componente que assegura a autonomia intelectual do indivíduo, uma referência incontornável.
É uma atividade extra curricular, podendo ser curricular na sua vertente filosófica da conceção pedagógica e formativa.
Desde logo porque o associativismo obriga à interação de valências relevantes para a formação do caráter em domínios de extrema importância como o são: o respeito; a liderança; o trabalho em grupo; a partilha necessária para a execução em equipa; o comportamento do indivíduo em sociedade; a autoconfiança; em suma: a construção de um indivíduo autónomo, confiante e que goste de viver!
São vários os domínios que alicerçam o anteriormente referido: Desde a expressão corporal; a colocação da voz; a representação; e demais expressões artísticas.
Há, na atual conjuntura política e social afeta à escola, modelos de associativismo: as associações de estudantes; as associações de pais; os sindicatos.
Em qualquer dos casos, estamos perante modelos de associativismo reivindicativo de direitos.
Ora, o que se pretende, é que estes modelos se assumam num quadro de abrangência vertical no todo nacional sem influência direta no quotidiano escolar, salvo as especificidades que a isso obriguem.
Ao quotidiano escolar importa a articulação e a complementaridade sem competitividade. Porque quando há empenho individual interativo, a competitividade deixa de fazer sentido.
Por isso, o conceito de associativismo de envolvimento faz todo o sentido, sempre que a interação entre docentes e alunos das diversas turmas conjuntamente com o restante pessoal auxiliar façam da escola um todo orgânico aproximado ao familiar.
Atividades que, organizadas em movimentos associativos setoriais, darão vida sem precedentes ao meio escolares. Dentro e fora do seu espaço físico. Inclusive em estruturas nacionais exclusivas do meio escolar que partilhe e mostre todas as atividades desenvolvidas em eventos de âmbito local, regional e nacional.
Desta articulação e complementaridade há ganhos significativos. Desde logo na motivação. Fator elementar de combate ao abandono escolar.
Motivação que aproxime o aluno da escola para que não sinta a sua frequência e desempenho escolar como uma obrigação. Mas que se sinta de tal forma motivado, ao ponto de lhe sentir a falta!
Só assim a escola cumprirá o seu desígnio primeiro: o de servir a comunidade. Comunidade que precisa de ter com a escola uma parceria ativa em todos os domínios: ensino; educação; inclusão; e lazer também. Porque nas atividades lúdicas assenta o princípio da confiança e da cumplicidade sadia. Uma valência em que o associativismo é exímio na sua implementação e concretização.
Ora, para que esta dinâmica inclusiva seja monitorizada e a sua relevância tida em conta na primeira linha dos valores e da ética comportamental, só num contexto de escola pública, tal será possível.
Num modelo de escola em que o medo se confunde com rigor, nunca será possível, por condicionalismos vários: de conveniência curricular; rentabilidade económica; disponibilidade de recursos e de meios; sempre num contexto de interesse político por opção; pensar com a clareza e a lucidez suficientes que conduzam aos fins para que a escola, de facto, existe.
Uma escola inclusiva, sem elites ocas!
Uma escola capaz de se inserir no contexto social que lhe é afeto!
Uma escola pública!
Uma escola que perceba as dinâmicas do associativismo, as acolha, e com elas saiba aprender também!