António Fernandes |
Este tema, o de que não é o hábito que faz o monge, vem a
propósito de uma certa teoria que corre na mente de umas quantas pessoas que
pensa com parda sapiência, bastar a um qualquer indivíduo vestir a camisola do
seu partido para ser um defensor do ideal que esse seu partido se propõe
implementar para construir uma sociedade mais justa, fraterna, equitativa e
leal.
Coisa rara e, estranha.
Rara, porque o ditado popular
já é milenar.
Estranha, porque não passa
pela cabeça de ninguém que alguém calejado na política caia nessa.
Como sabemos, não faltam por
aí camaleões que vestem a roupagem mais conveniente ao disfarce mais oportuno,
na oportunidade.
A nossa comunidade está
infestada desse vírus que se disseminou nos últimos tempos em alguns meandros.
Meandros presumivelmente conhecedores
de ciências sociais e políticas em harmonia arquitetónica com a arte sempre
implícita à obra. Como por exemplo: uma ponte.
Uma ponte é a única obra de arte projetada e executada à medida ou, por medida.
Uma ponte é a única obra de arte projetada e executada à medida ou, por medida.
Ora, por " ponte",
tem alguns a noção de que se está a falar de entendimento. Seja ele político ou
outro qualquer.
Quiçá, aquilo que neste
momento, em termos sociais mais falta faz, é saber arquitetar e executar pontes
entre a sociedade e aqueles que se propõe construir modelos sociais para essas
mesmas sociedades.
Uma coisa é certa. Não há, na
ciência política, lugar para comportamentos dúbios e, muito menos, para os
camaleões. Uma espécie animal que usa a dissimulação como “arma” de defesa mas
também de sobrevivência. No caso em apreço, o comportamento de certos
indivíduos, há uma clara dissimulação da personalidade – quando, por disfunção,
não é essa, a sua própria personalidade. – para melhor serem aceites em
círculos que são do seu interesse.
Nesse sentido, quando a
oportunidade lhes aparece, não exitam em vestir a roupagem adequada ao evento e
a linguagem adequada: verbal; facial; corporal; gestual; etc.
Vivem num mundo do faz de
conta em que a hipocrisia é a regra e a mentira a sua trave mestra.
Movimentam-se em meios de
influência política e social sem qualquer prurido o que tem produzido efeito
negativo e perverso junto de algumas pessoas que vão alertando as comunidades
em que se inserem consoante podem para a evidência de que não é o habito que
faz o monge.
De que quem muito promete
raramente cumpre na justa medida em que “Roma e Pavia não se fizeram num só
dia” o que compromete à nascença as promessas de “milagres” num mundo que
depende de inúmeros fatores para que avance na senda do progresso e do
desenvolvimento.
A conjugação do desenvolvimento
social e económico depende sempre de duas componentes: o necessidade geradora
do consumo e a satisfação desse consumo. Tudo o resto que gira em sua volta são
as formas encontradas para essa satisfação primária.
A pirâmide da organização
social aparece como necessidade elementar da condição da vida. Condição que,
curiosamente ou não, a Natureza se encarrega de processar em todas as demais
espécies de vida com exceção da Humana.
Se repararmos, na orgânica
natural as pontes entre espécies são fundamentais para a sua sobrevivência. Na
partilha do espaço geográfico. Na complementaridade da transformação da
matéria. Na resistência às transformações sobre si operadas mantendo para si o ónus de que é a si, Natureza, a
quem cabe a decisão sobre a vida.
Nesse sentido corremos em
permanência atrás de soluções para os problemas que nós próprios criamos em
busca de um horizonte aonde o sonho é o limite e a pirâmide do poder deixe de
ser necessária para dar lugar à responsabilidade individual que cria pontes de
entendimento e de coabitação social autónoma. Mais justa. Equitativa. Solidária
e Fraterna!
Um mundo aonde cada um seja,
o próprio!