22/09/2017

Eleições: os candidatos peraltas, ou os peraltas candidatos?




António Fernandes 
O título deste artigo,até parece um pleonasmo mas não é.
Não é, porque:
1 - O candidato peralta é aquele que não tendo a mínima noção do "peso" político do cargo a que se candidata e de todas as responsabilidades sociais que ao mesmo estão implícitas, por exigência constitucional e de credibilidade pública, para que colabore de forma criativa na legislatura para que foi eleito e que a dignidade com que o faça corresponda aos anseios e expectativas do cidadão eleitor que no partido político que ele representa depositou o seu voto de confiança, ajuíza o presente sem ter em conta o passado e pensa o futuro como algo em que não vale a pena pensar porque é coisa imprecisa e por isso imprevisível. Uma mera questão de, e do, tempo.
O candidato peralta, ou "pimpão", é um candidato a um emprego. Emprego esse que lhe assegure protagonismo social alimentando-lhe a vaidade e dando-lhe consistência ao ego. O único meio cultural de que dispõe para o seu equilíbrio emotivo e de realização da satisfação pessoal. Não olha os outros nos olhos nem caminha pausadamente. "Incha" o peito, levanta o "toutiço" e caminha de passo apressado. Cumprimenta os pares a espaços privilegiando os que lhe são  mais afetos e os de maior notoriedade no círculo das influências em que se movimenta. Não tem, culturalmente, consistência intelectual.
2 - O peralta candidato é alguém que não tem necessidade de procurar emprego porque já exerce atividade profissional e que por essa, ou outras, vias, se destacou. E que desse destaque social resultou o convite para ser candidato.
É uma pessoa com consistência intelectual mas de cultura egocêntrica.
Procura protagonismo social de amplitude em que a sua imagem seja exemplo a seguir.
Olha todos os outros de soslaio porque assumidamente pensa ser de casta superior em domínios do saber e do conhecimento em que ajuíza exclusividade no parecer técnico e científico da organização social. "Arrumando" os diversos tecidos consoante a sua sustentabilidade económica privilegiando sempre essa avaliação pelo prisma do valor acrescentado apurado dos saldos contabilisticos.
A macro economia, nuns casos; a retórica discursiva, noutros casos; o prestígio e a popularidade "pimba", em muitos outros casos; são a condição central para se imporem como candidatos quando já fazem carreira política ou quando são convidados pelos partidos políticos para a fazer.
Riem com facilidade. A expressão corporal é elaborada. São sempre (aparentemente) de trato fácil. Ouvem com atenção (presume-se) tudo o que lhes dizem a que respondem sempre a contento. Distribuem apertos de mão, abraços e beijinhos a rodos.
Estes são os "perfis" da nova vaga de candidatos que os partidos políticos apresentam a sufrágio.
Uma vaga de personagens cinzentos que não se identificam socialmente com coisa nenhuma a não ser consigo próprios. Aquilo a que alguns estudiosos concluíram ser o produto das jotas (juventudes partidárias), e das academias ou meios académicos.
Pessoas que aquilo que sempre souberam fazer, e que por isso são exímios nessa matéria, foi a disputa de lugares.
Não se esperando por isso outra conduta que não seja a continuação desta prática. Uma prática que vem, de há uns tempos a esta parte, desacreditando os partidos políticos, os políticos, e toda a sua atividade enquanto gestores da organização social do Estado, dos dinheiros públicos, e tudo o mais que se insira no contexto da "coisa pública". Do Estado e da Nação!
Talvez por isso, o número de indecisos mais os que não respondem, ronde os quarenta por cento do eleitorado. Segundo números apurados por sondagens publicadas e publicitadas...