António Fernandes |
Um
partido politico deve ser um partido de diálogo sob pena de se afastar da sua
base social de apoio, da cidadania e do eleitorado, que são a essência da sua
existência.
Um
partido politico não pode ser uma organização monocórdica em que o monólogo é
conduta e o não uso dos mecanismos de discussão uma pratica recorrente que não
facilita a inclusão dos seus associados na discussão das matérias comuns e do
interesse público que retira a toda a documentação produzida legitimidade
identitária por do seu substrato não se concluir haver consistência ou robustez
apuradas, e por isso não representativa do interesse dos seus militantes e
simpatizantes e demais populares que nesse partido se revêem e cujos interesses
o partido diz defender.
Os
agentes políticos tendem a ter, ao nível do comportamento individual, como
avessa ao protagonismo e à fama que segundo eles é condição primeira para a
conquista de um lugar de destaque na organização de forma a ocupar posição de
destaque que motive a sua inclusão em lista com lugar elegível, conduta
sobranceira de forma a anular os pares com capacidade
superior.
Esta
forma de estar na vida que não é exclusiva dos agentes políticos. Resulta de um
programa curricular formativo altamente negativo desde o pré-primário, ou
pré-escolar, naquilo que concerne aos valores sociais que coloca em plano
subalterno o primado da solidariedade, privilegiando a competitividade sem
regras e a ambição desmedida.
Desta
forma, os padrões de formatação social aparecem inquinados com valores variáveis
consoante as regras ministradas, que não são aquelas que pugnam por uma
sociedade mais justa por ser mais equitativa e solidária.
É
corrente pensar-se que a educação é algo avulso influenciado por condições e
circunstancias especificas.
O
que é facto é que há sensibilidades divergentes dos meios de que são oriundas em
que o meio e a influência dos media é a mesma. Assim como, também se apura haver
equilíbrio emotivo e emocional em oriundos de famílias disfuncionais. Sendo o
contrário também apurado.
Importa
por isso, mais do que apurar as causas, prevenir as
consequências.
Ora,
os partidos políticos, agregadores de um vasto leque de sensibilidades
convergentes, organizados em torno de valores ideológicos gerais, são a garantia
de que, sendo fieis aos seus princípios fundacionais, no quadro da sua vocação
legal do exercício do poder politico, terão sempre em linha de conta esses
princípios que lhes são argumento para a defesa dos interesses das citadas
sensibilidades convergentes.
Para
isso tona-se necessário a existência de diálogo permanente de conteúdo
interativo agregador das grandes linhas gerais do interesse comum exarado e
concretizado politicamente. No poder ou na oposição.
A
organização politica das sociedades tem tido ao longo da história diversos
formatos. Desde os mais sanguinários aos mais altruístas. Sendo que, na fase de
transição do feudalismo para a era industrial, a profunda alteração nos usos e
costumes das pessoas e das suas condições de vida dá origem à criação de
condições especificas de que resultam correntes de opinião politica diferente e
organizada que acabaria por se impor como modelo de organização politica e
social dando origem a movimentos políticos de cariz ideológico e com vocação
exclusiva para a discussão do poder.
No
final do séc. XX com a inovação tecnológica e a consequente alteração nos usos
e costumes sociais, os partidos políticos enfrentam um embate de ajustamento a
essa realidade, mas a sua razão de ser não é beliscada, antes pelo contrário, é
reforçada, em consequência das novas conjunturas politicas e sociais emergentes
que exigem resposta eficaz.
Não
há, por isso, espaço para experimentalismos de ocasião nem sequer para vazios de
poder ou de coordenação estrutural convergente ou
divergente.
Aquilo
que há, é uma maior exigência na qualidade da governação em geral, o que torna,
neste estádio e momento histórico, os partidos políticos imprescindíveis para o
aprofundar da inovação global e da distribuição do produto liquido
apurado.
Neste
contexto os partidos políticos têm condições sustentadas para continuarem a ser
a coluna vertebral da democracia.