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Daniel Braga |
Estávamos a 10 de dezembro de 1996. Um marco e uma referência para a lusofonia.
Um dia histórico para Timor-Leste. Em plena luta da resistência pela
libertação, dois homens insignes, dois dos artífices da Paz, são laureados pela
Academia norueguesa com o respetivo Prémio Nobel. José Ramos-Horta, um
incansável lutador na frente diplomática no exterior e D. Carlos Ximenes Belo,
então Bispo de Díli e baluarte na defesa dos direitos do seu povo sofredor,
veem reconhecidos os seus esforços em prol da consagração e do direito das suas
gentes de escolher o seu destino e na defesa dos mais elementares direitos do
Homem, o direito à vida, sem perseguições, torturas nem mortes. Um direito
consagrado na Carta das Nações e que estava a ser cruelmente violentado em
Timor-Leste. Foram ousados e valentes na sua luta, denunciando todos aqueles
que matavam, torturavam e perseguiam, muitos delas mulheres e crianças. A 10 de
dezembro de 1996 todo o mundo lusófono pulava de alegria perante a atribuição,
mais do que justa, do Nobel da Paz a estas duas personalidades timorenses. Um
prémio mais do que merecido e que levou a que a comunidade internacional
olhasse para os problemas que ocorriam no território, de uma outra forma, muito
mais cuidada e incisiva. Cerca de vinte anos depois, um orgulho reconfortante
continua intacto nos nossos corações, sabendo nós de antemão que agora, em
tempos de Paz, ainda há muito que fazer por Timor e pelas suas populações. A
luta não é armada, mas é uma luta de afirmações, pela dignidade, pelo bem-estar
e pelo respeito dos direitos de cada um e de todos nós. Timor-Leste, entre
muitos outros, deve muito a estes dois homens. E o mundo reconheceu-lhes a
resiliência, a tenacidade, o destemor de uma luta sem medos por uma causa.