Mário Russo |
Provavelmente a maioria dos portugueses, como eu, acreditava
que os bancos eram instituições fortes, seguras e sérias. A falência de um
banco era algo que nem passava à distância, até que aconteceu o caso BPN,
seguido do BPP, depois o BANIF e o BES, renomeado de Novo Banco. Os problemas
no BCP e na CGD, etc.
As soluções foram sempre penalizantes para o erário público,
que é um eufemismo de para o povo português, que paga todas as ineficiências
governamentais, de supervisão e da gestão dos bancos com impostos e mais
impostos, sem que os salafrários dos banqueiros sejam presos pelos crimes
cometidos, graças a uma justiça ineficaz e de juízes que amam o acessório em
detrimento do essencial, ilibando os gangsters por questões de interpretação
dos prazos de prescrição, impedindo a moralização do sistema.
A solução do BANIF, entregue ao Santander, banco espanhol,
foi imposta por Bruxelas e encaixada de cócoras pelos nossos governantes.
Solução que não se percebe porque o Estado já detinha um empréstimo que deveria
ser acautelado e não foi.
A CGD era uma instituição forte até que uma sucessiva leva
de gestores, boys dos Partidos do arco da governação, agraciados pelos “serviços
prestados ao partido”, transformaram a instituição num saco para amigalhaços
sacarem milhões sem pagar e depois serem contabilizados em “imparidades”, outro
eufemismo para “amigo, não precisas de pagar que vai haver uns patos para o
fazer”.
Corriqueiramente vêm os políticos dizer que é preciso
injetar capital nos bancos porque eles são fundamentais para a economia e não
podem falir. Tudo à custa do “erário público”.
As notícias e evidências das CPI mostra um setor de
gangsters que Al Capone ficaria corado de vergonha. Basta ver o caso dos
antigos gestores do BCP que conclamaram os clientes a investir no banco na
época de aumento de capital nos anos 2000, com prospetos e assédio dos gerentes
e até empréstimos do próprio banco. Mas tudo não passou de manipulação de
mercado com 18 off-shores e todo um conjunto de práticas dignas de máfias. Mais
recentemente o caso BES ilustra isso mesmo. O Sr. Rendeiro que se pavoneia em
NY é mais um exemplo para se perguntar afinal onde e o que faz o BdP? Que
regulador é esse que nada sabe e nada faz para prevenir práticas mafiosas ? Parece
que é uma espécie de “corno” do sistema financeiro.
O Novo banco não passa de mais um problema grave para a
banca portuguesa que arrisca-se a não ter um banco confiável. Por isso, a sua solução
de forma séria e competente seria desejável, mas não tem sido.
Com efeito, há várias opções em cima da mesa que devem ser
avaliadas de modo tecnicamente competente e sem esconder nenhum dos dados para
análise séria. Pode ser a venda ou a nacionalização. Os dados disponíveis sobre
a venda são assustadores, pois um fundo Abutre dos EUA está em posição de ficar
com o banco para vender o património a tuta-e-meia a uma empresa do próprio grupo
e exigir que a diferença para o valor real seja paga por garantias de Estado,
que o Abutre acionará sem apelo nem agravo.
Mas já apareceu na imprensa um aviso da DBRS, única agência
que tem Portugal acima de ‘lixo’ a condicionar a decisão: “Uma eventual
nacionalização do Novo Banco pode prejudicar o rating soberano”.
Esta notícia é mais uma que evidencia a perda de soberania a
que Portugal se sujeitou ao longo destes anos e que não tem sido contrariada
por falta de Estadistas a dirigirem os destinos do país.
O Governador do BdP,
parece que gosta do Fundo Abutre, pois já reiterou que é uma boa solução. Deve
estar distraído o Sr. Governador, porque não sabe qual a prática do abutre
americano. Mas a culpa não é do abutre, mas dos fracos com que negocia e de um
supervisor que é anão, incompetente e ineficaz.
A DBRS ao debitar este aviso não é por inocência.
Seguramente que não será por coerência técnica (não avaliou as consequências da
venda como está delineada), nem é por seriedade. Esta prática canibal mostra o
que tem sido feito ao longo dos últimos anos em Portugal desde a intervenção da
Tróika que liquidou as joias da coroa portuguesa (agora de lata) de forma
vergonhosa com o beneplácito dos nossos dirigentes governativos.
Está na hora dos Homens Bons saírem das poltronas e se
indignarem com os políticos que temos e nos governam para o precipício.