04/12/2016

Opinião de Joaquim Jorge no PÚBLICO


O PSD está em processo de sucessão e de convulsão. Têm surgido notícias da possibilidade de Luís Montenegro suceder a Pedro Passo Coelho com o apoio de Miguel Relvas - um operacional do PSD em tempos idos e conhecedor do PSD profundo.

Mas há outro eterno candidato, Rui Rio com os seus avanços e recuos mostra disponibilidade, mas começa a perder o timing, apesar de sondagens favoráveis dos portugueses, nem tanto dos militantes do PSD, que são quem elegem o líder em directas. Todavia estão-se a esquecer de Pedro Santana Lopes que pode baralhar estas contas todas e vencer. Santana Lopes é actualmente uma pessoa com larga experiência política que pode pacificar o PSD e as suas várias correntes. E, dar alento, ao PSD ser poder.

Luís Montenegro no Clube dos Pensadores afirmou a uma pergunta colocada por mim:" um mau resultado do PSD nas eleições autárquicas em 2017 colocaria em causa a liderança do PSD?". A sua resposta foi politicamente correcta: "as eleições autárquicas são de índole local e não se podem nem devem fazer extrapolações a nível nacional."
Completamente de acordo. A questão é a seguinte: o PSD, os seus militantes e muitos dirigentes têm a percepção que ao perderem as autárquicas, a seguir, perdem as legislativas em 2019.

O PSD por este andar vai perder Lisboa, Porto, Gaia (terceira cidade do país com mais de 300 mil habitantes), Coimbra e muito mais câmaras. O PSD vai ter um score desastroso nas próximas eleições autárquicas. E, não será uma derrota, será com certeza, o início do fim de Pedro Passos Coelho.

Pedro Santana Lopes faz bem ao não concorrer à CM Lisboa: se concorresse e vencesse a sua vitória dava novo alento a Passos Coelho. Se perdesse a derrota era exclusivamente sua e o seu fim político.

Quem já foi primeiro-ministro, só pode aspirar a ser, de novo, primeiro-ministro ou Presidente da República. O resto é andar para trás: de cavalo para burro. Santana Lopes não pode arriscar. Se avançasse para Lisboa e perdesse acabou politicamente. Perder uma eleição interna num partido é diferente.

O PSD é um partido pessimista, desencantado e desalentado. Não tem conseguido capacidade de reacção perante um PS optimista, esperançoso e sonhador. O PSD actual tem um problema de registo e de discurso, e não, consegue tornar-se aos olhos dos portugueses uma alternativa, quer ao governo, quer no poder local.

As sondagens são claras, o PS distancia-se do PSD. Convém começar a pensar que o PS pode estar a caminhar para uma maioria absoluta em 2019.

É importante para a democracia e para muitos portugueses que o PSD acredite e faça com que os portugueses acreditem nele. De outro modo, o PSD será uma desilusão.

O PSD tem que dar uma resposta imaginativa para recuperar a confiança dos portugueses, tem que deixar de ser cínico, egoísta, errático e a despropósito. O PSD tem que ser sinónimo de futuro.

A obstinação obsessiva dos caudilhos do PSD, ensimesmados no seu próprio discurso e que procuram ensimesmar o PSD, está a levar para um beco sem saída. É preciso encontrar a saída.



Convém começar a pensar que o PS pode estar a caminhar para uma maioria absoluta em 2019.
PUBLICO.PT|DE JOAQUIM JORGE