04/12/2016

A MEMÓRIA DE CAMARATE




Daniel Braga 
Foi talvez um dos maiores políticos da História recente de Portugal, cuja vida política e pública foi brutalmente interrompida num violento acidente aéreo em Camarate. Acidente? Atentado? A tese sustentada e demonstrada em várias comissões de inquérito desde 1991 aponta para a hipótese muito forte de atentado...
A 4 de dezembro de 1980, quando se deslocava para o Porto a caminho do Coliseu dos Recreios num ato público de apoio à candidatura presidencial de Soares Carneiro, Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa - os rostos mais visíveis da AD (Aliança Democrática) juntamente com Diogo Freitas do Amaral - perdem a vida nesse brutal acidente (?). Foi há 36 anos. Com o desaparecimento de Sá Carneiro e também de Adelino Amaro da Costa, morre uma ideia para Portugal e uma forma de fazer política muito característica e apaixonada, onde os ideais e o interesse nacional se sobrepunham a tudo o resto (bem diferente do que acontece hoje em dia). Com a partida de Sá Carneiro morre um rumo quiçá diferente para o País, onde os princípios e os valores da ética estavam em primeiro lugar e onde a mediocridade de quem nos representava era exceção e não a regra. Homens da estirpe de Sá Carneiro, Amaro da Costa, Lucas Pires, Henrique de Barros, Vasco da Gama Fernandes, Álvaro Cunhal, João Amaral, Nobre da Costa, Maria de Lurdes Pintassilgo, Natália Correia e muitos mais, fazem hoje parte de um Portugal ilusório, que já não existe, substituídos por gente de muito menor dimensão, cujos interesses pessoais e partidários são colocados acima da ética dos princípios e dos valores e do interesse do País. O País de Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa seria, com toda a certeza, um País bem diferente e eticamente mais transparente e respeitado...
Passaram-se 36 anos. Um dia negro para Portugal. Respeitem-se as suas memórias e recordem-se com elevação os seus ideais.