Facebook
Joaquim Jorge
As redes sociais tornaram-se um antro de cobardes e
atrasados mentais em que a partir de um computador ou telemóvel sem que nada
lhes aconteça insultam e vociferam sobre a maior infinidade de assuntos, fazem
assassinatos de carácter e inventam coisas do arco-da-velha. A Internet propiciou a aparição
de uma nova casta de seres virtuais, fúteis, com existência camuflada por
detrás do anonimato.
Mas, também, permitiu o aparecimento no Facebook (FB)
de uma casta de novos-ricos, de gosto duvidoso, gente que procura fazer alarde
da sua vida privada e ser espampanante: o que come, onde está, das suas férias,
a casa que habita, o que compra, o carro que conduz, declarações de amor
pirosas, entre outros armanços.
Porventura, é um
recalcamento de não saírem na Nova Gente ou na Caras. Andy Warhol, em relação a este fenómeno de mediatização, disse:
"um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama". Mas não é desta
maneira parola e kitch.
O FB, se for bem utilizado, é um veículo de comunicação
e divulgação útil e importante. Também de, denúncia de situações anómalas.
Agora, para eu ver onde está um amigo, o que come, o que compra, com quem está.
Por favor, eu vou ali e já venho.
É por isso, que tudo que se torna acessível a toda a
gente torna-se vulgar. As pessoas distinguem-se como gastam o dinheiro, mas
também, como estão na vida e como usam a Internet.
Vivemos numa sociedade tecnológica para quem não está
em rede ou não tem telemóvel é mal visto e passa a ter a conotação de ultrapassado.
Contudo há muita gente que não tem FB, e mesmo
telemóvel. É o que acontece, com muitas pessoas discretas e que têm relutância
no seu uso. Ou se tem FB usam-no com moderação, para poderem estar actualizados
no mundo tecnológico. Outros têm o FB para uso profissional ou de carácter
público - o meu caso, pelas actividades do Clube dos Pensadores.
Os portugueses são dos maiores utilizadores de FB,
sempre foram uns "armantes" e fizeram de algo normal - um enorme
estardalhaço.
Por outro lado, como diz Pacheco Pereira: "as
redes sociais servem para gáudio de um público sedento de "espiolhar"
os outros". É o voyeurimo e o
exibicionismo, juntos no seu melhor. Por um lado, uns querem coscuvilhar e
observar a vida alheia, por outro lado, outros querem mostrar à saciedade tudo
que são e têm.
Parece uma peste "facebookiana" contagiosa
que se refugia nas costuras da Internet que expandem a sua imbecilidade e
delírios.
Somos assim e vamos morrer assim.
Fundador do Clube dos Pensadores
*escrevo ao abrigo do antigo AO