19/11/2016

Artigo de opinião de Joaquim Jorge no JN


Facebook

Joaquim Jorge

As redes sociais tornaram-se um antro de cobardes e atrasados mentais em que a partir de um computador ou telemóvel sem que nada lhes aconteça insultam e vociferam sobre a maior infinidade de assuntos, fazem assassinatos de carácter e inventam coisas do arco-da-velha. A Internet propiciou a aparição de uma nova casta de seres virtuais, fúteis, com existência camuflada por detrás do anonimato.
Mas, também, permitiu o aparecimento no Facebook (FB) de uma casta de novos-ricos, de gosto duvidoso, gente que procura fazer alarde da sua vida privada e ser espampanante: o que come, onde está, das suas férias, a casa que habita, o que compra, o carro que conduz, declarações de amor pirosas, entre outros armanços.
Porventura, é um recalcamento de não saírem na Nova Gente ou na Caras. Andy Warhol, em relação a este fenómeno de mediatização, disse: "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama". Mas não é desta maneira parola e kitch.
O FB, se for bem utilizado, é um veículo de comunicação e divulgação útil e importante. Também de, denúncia de situações anómalas. Agora, para eu ver onde está um amigo, o que come, o que compra, com quem está. Por favor, eu vou ali e já venho. 

É por isso, que tudo que se torna acessível a toda a gente torna-se vulgar. As pessoas distinguem-se como gastam o dinheiro, mas também, como estão na vida e como usam a Internet.
Vivemos numa sociedade tecnológica para quem não está em rede ou não tem telemóvel é mal visto e passa a ter a conotação de ultrapassado.
Contudo há muita gente que não tem FB, e mesmo telemóvel. É o que acontece, com muitas pessoas discretas e que têm relutância no seu uso. Ou se tem FB usam-no com moderação, para poderem estar actualizados no mundo tecnológico. Outros têm o FB para uso profissional ou de carácter público - o meu caso, pelas actividades do Clube dos Pensadores.
Os portugueses são dos maiores utilizadores de FB, sempre foram uns "armantes" e fizeram de algo normal - um enorme estardalhaço.
Por outro lado, como diz Pacheco Pereira: "as redes sociais servem para gáudio de um público sedento de "espiolhar" os outros". É o voyeurimo e o exibicionismo, juntos no seu melhor. Por um lado, uns querem coscuvilhar e observar a vida alheia, por outro lado, outros querem mostrar à saciedade tudo que são e têm.
Parece uma peste "facebookiana" contagiosa que se refugia nas costuras da Internet que expandem a sua imbecilidade e delírios.
Somos assim e vamos morrer assim.

Fundador do Clube dos Pensadores

*escrevo ao abrigo do antigo AO