13/10/2016

Entrevista de Joaquim Jorge ao NM



NM - Matosinhos tem boa imprensa?
JJ - Matosinhos tem o Jornal de Matosinhos com publicação semanal. O seu director Pinto Soares é um decano do jornalismo português e um expert da imprensa. O Matosinhense com publicação quinzenal, recente, mas muito interessante. O Noticias de Matosinhos, com os irmãos Brandão a fazerem um bom trabalho , com publicação mensal. Matosinhos está bem representado. Falta uma rádio local, a extinta Rádio Clube Matosinhos faz falta. Em Matosinhos dever-se-ia apoiar a imprensa local. O próximo presidente de Câmara no seu programa deveria comprometer-se publicamente, em dar apoio, de forma transparente e igual para todos.
NM - Na sua acção cívica tem alguns problemas?
JJ - Eu costumo dizer que tenho uma má relação com a verdade. Dizer as verdades traz-me problemas. Winston Churchill dizia que, " a verdade é tão preciosa que deve ser sempre protegida por uma guarda de mentiras". O problema é que eu não sei mentir.
NM – Pensa, concorrer à CM Matosinhos?
JJ – (sorriso). Não sei, vamos ver, depende de várias circunstâncias e se reunirem determinados pressupostos. O maior pressuposto é ter um bom fundo de maneio. Concorrer a uma Câmara, como independente, não concorre quem quer, mas quem tem dinheiro. Ninguém vive de credibilidade. Como me disse, um dia, Herman José, " não se pagam as contas e as despesas com dignidade, credibilidade ou ética".
JM - Recentemente foi agraciado na terra onde nasceu, S. Mamede de Infesta
JJ - Fiquei muito feliz. Toda a gente gosta que reconheçam o seu trabalho. É um incentivo a continuar. A vida tem destas coisas, uns dias antes, o presidente da CM Gaia moveu-me um processo - crime por alegada difamação. Em Matosinhos fui homenageado. Há aqui qualquer coisa que não bate certo! Sou a mesma pessoa. Na vida sempre fiz críticas pelas razões, nunca com ataques pessoais. Estou a pensar seriamente deixar de viver em Gaia. Talvez voltar para S. Mamede. Como o meu amigo de infância e distinto médico, Fausto Machado me diz: "Ó Jota tens que vir viver para S. Mamede, capital do Império e centro do Mundo".
JM- Como está a política em Matosinhos?
JJ - A ferver. A Luísa Salgueiro é uma pessoa que tem o seu valor é militante do PS, a quem Narciso Miranda deu a mão. Foi sua vereadora, depois foi para a Assembleia da República como deputada, acumulando o cargo de deputada com o de vereadora, mais tarde, optou em definitivo por ir para Lisboa. Agora tem a ambição de ser candidata à CM Matosinhos. Está no seu direito, depende como. Narciso Miranda foi presidente de Câmara e que marcou indelevelmente Matosinhos. Respeitou o seu partido (PS) e não concorreu. Fez mal, pois o partido não quis saber dele para nada. Mais tarde concorreu contra o seu delfim - Guilherme Pinto e perdeu. Fez uma pausa, agora, quer de novo ser presidente. Deveria ter concorrido quando era presidente e o PS vetou-o. Nessa altura, se tivesse concorrido, como independente, vencia. Ernesto Páscoa é o presidente da concelhia do PS e o candidato escolhido pelos militantes, mas não rectificado pela distrital. Um homem respeitável, culto, e que sempre procurou unir o PS.
JM- Qual o futuro de Matosinhos?
JJ - Em Matosinhos há um paradoxo político. Trata-se de algo esotérico. Narciso Miranda não serve, mas serve quem ele escolheu para o servir. Narciso Miranda é muito bom a escolher colaboradores que depois querem o seu lugar e, tudo fizeram , fazem ou farão para lhe passar a perna: Manuel Seabra, Guilherme Pinto, e agora, Luísa Salgueiro. Matosinhos é um oximoro político, vive uma realidade que se repele em que há quereres contraditórios. Matosinhos vive uma gentileza cruel, o belo horrível e uma música silenciosa dirigida pelo PS. Se calhar era melhor apostar noutras pessoas.
JM - No Joaquim Jorge?
JJ - Eu não estava a pensar em mim. Há muita gente habilitada e com capacidade em Matosinhos.
JM - E o PSD em Matosinhos?
JJ - O PSD tem muita dificuldade em se afirmar. No tempo de Clarisse Sousa deu um ar da sua graça. Mas a passagem de Guilherme Aguiar não foi muito feliz.
JM - Quer acrescentar mais alguma coisa?
JJ - O poder em Matosinhos deve olhar mais para S. Mamede de Infesta. Por exemplo, o seu estacionamento. Onde se realizou a cerimónia da entrega das medalhas, foi difícil estacionar. O parque de estacionamento está fechado. Convém Matosinhos aproximar-se mais de S. Mamede. A extensão do Metro , mais zonas verdes. S. Mamede não pode ser um local de dormitório, mas tem que ser mais do que isso. S. Mamede não pode ser Trás -os- Montes de Matosinhos. Não pode ser aquele local do interior de Matosinhos. Matosinhos está muito virado para o mar. S. Mamede pode ser um pólo de atracção universitário. Tem o ISCAP, está muito próximo da zona universitária do Porto. Está ali ao lado do Hospital de S. João. Não nos podemos esquecer que S. Mamede está mais próximo da CM Porto do que da CM Matosinhos . Convém aproveitar S. Mamede como localização e fazer valer os seus atributos.