(...) Taxar património elevado a partir de um
determinado montante (500.000€ ou 1.000.000 de euros) não me repugna e é um bom
começo de equidade e justiça social.
Não se trata de um ataque aos ricos,
mas uma forma de quem mais tem pagar um pouco mais.
Não entendo tanto alarido com esta
situação e com as declarações de Mariana Mortágua. No tempo de Sá Carneiro,
grande político de matriz social-democrata era esse o princípio: pagar mais
quem mais tem. Isso não era um ataque aos mais ricos, mas que haja justiça
social.
Todavia neste país toda a gente
sabe que quem tem mais poder económico consegue de forma sub-reptícia fugir ao
fisco e pagar menos. Quem mais paga é uma classe média esmagada pela
necessidade de ter receitas a qualquer custo.
Para haver um mínimo de coesão e
justiça social quem ganha mais paga mais, quem ganha menos paga menos. Quem tem
património imobiliário mais elevado paga mais quem tem menos património paga menos.
Em teoria deveria ser assim que as
coisas funcionariam numa sociedade democrática e igualitária. Mas todos sabemos
que não é isso que acontece.
Infelizmente há uma justiça para ricos e uma justiça para
pobres. Do mesmo modo, há uma justiça fiscal para ricos e outra para pobres.
A justiça fiscal em Portugal penaliza mais quem é empregado por
conta de outrem. Os rendimentos dos empresários e das grandes empresas têm inúmeros
formas e situações de excepção que beneficiam os que mais têm, enquanto os simples
trabalhadores não possuem forma de se esquivar às tributações. (...)