Miguel Mota |
Preferir
produtos portugueses foi um slogan durante algum tempo na outra ditadura. Por
diversas razões, penso que devemos repetir esta frase, especialmente quando
temos o país inundado por produtos estrangeiros.
Justifica-se a compra de produtos estrangeiros quando não
existem portugueses ou são muito melhores ou mais baratos. Nalguns casos – e isto
aplica-se aos produtos agrícolas – é um problema de comercialização. Não há
meio de os agricultores perceberem que têm de ser eles a comandar a
comercialização dos seus produtos, como faz qualquer fabricante de automóveis
ou frigoríficos. Em vez disso, perguntam “Quanto é que me dão?”
A única forma que conheço de resolver esse problema é a
associação em cooperativas, se possível de grandes dimensões. A realização que
deve servir de modelo foi o Complexo Agro-Industrial do Cachão, que comercializava
os produtos com o nome de “Nordeste” e que o 25 de Abril destruiu, existindo
agora uma pequena amostra.
Portugal tem excelentes condições para a produção de uva de
mesa e alguns raros produtores exportam quantidades apreciáveis. Mas a maioria
das uvas que vemos nos supermercados são importadas.
Portugal tem uma grande variedade de queijos de boa
qualidade. Mas também há vários estrangeiros. Os portugueses devem pensar que,
quando compram um queijo estrangeiro, estão a pagar o ordenado dos
trabalhadores do país de onde provém, aumentando o respectivo PIB. Se comprarem
um queijo português, dão trabalho a portugueses e aumentam o nosso PIB. Aumentar
o PIB é muito importante. Vários índices económicos e financeiros, como o
défice ou a dívida, são expressos em percentagem do PIB. Aumentando o PIB, baixamos
esses valores.
Estes e muitos outros casos, que se repetem milhares de
vezes, fazem grande diferença na economia e nas finanças do país.