Mário Russo |
As eleições na Grécia de amanhã poderão alterar
profundamente as políticas da União Europeia comandadas pela obtusa visão
maquiavélica de Merkel. O líder do partido radical grego tem prometido que vai
acabar com a imposição draconiana e punitiva da Alemanha aos países com défice
excessivo, designadamente ao seu país, que se encontra à beira do abismo, sem
ter melhorado com as medidas adotadas por Samaras.
As pressões que tem sofrido pelo FMI e agentes da UE são
absolutamente indecorosas, com ameaças de todo o tipo. Sei que ele é um
populista e eventualmente irresponsável à luz do establishment instituído. No
entanto, por vezes, só a sã demência é que nos pode levar à lucidez.
O que tem a Grécia a perder se romper com a política de
saque do FMI e UE? Penso que nada, porque a pior coisa que pode acontecer é ver
um povo ser sangrado. O Líder do Syriza já viu que é uma decisão de viver ou
morrer, porém com dignidade e não a ser sangrado.
Então o que vai acontecer depois das eleições? É claro que é
futurologia, mas acho que a Grécia vai ter o perdão de 50% da sua dívida para
poder pagá-la como pode e não como os credores sanguessugas pretendem e a UE
vai acabar por aceitar como um mal menor, etc, etc, aproveitando-se da tomada
de decisão do BCE de injetar euros na anémica economia europeia. Solução
criticada por PPC que agora aplaude hipocritamente. Até porque os bancos
alemães e franceses estão enterrados na dívida da Grécia até ao pescoço.
Será, assim, o Syriza, um ator improvável, que vai mudar a
política punitiva da União Europeia, ao contrário do que vaticinam os algozes
de Bruxelas e do FMI e pôr em sentido a Alemanha.
A ver vamos.