Miguel Mota |
A
juntar à lista de pragas e doenças que afligem as abelhas e causam prejuízos
aos agricultores, apareceu agora uma vespa, de nome científico Vespa
velutina nigritorax, também chamada vespa asiática que, além
de agravar as condições económicas da agricultura, é também capaz de atacar
pessoas.
Tenho
informação de que o ministério da Agricultura está a tratar do assunto. Mas vi
notícias de que, no Norte do país, onde o ataque tem causado prejuízos nos
apiários, o combate à praga está a ser feito por outros ministérios,
nomeadamente os do Ambiente e da Administração Interna.
Não
posso deixar de lembrar que a Estação Agronómica Nacional, antes da destruição
levada a cabo por vários governos, possuía um Departamento de Entomologia, com
bons investigadores, que certamente estaria indicado para o combate à nova
praga, como fez em vários casos em que teve de actuar. Menos de dez anos depois
da criação da Estação (pelo Decreto-lei 27.207, de 16 de Novembro de 1936), o Departamento
de Entomologia, de que era Chefe o Eng.º Agrónomo Alexandre José Duarte,
dirigiu, em 1944-1945, o combate a uma praga do gafanhoto Dociostaurus maroccanus, que estava a causar prejuízos à
agricultura.
Portugal está
cada vez mais vulnerável e com menos capacidade para se defender de ataques à
sua agricultura, como este que agora surgiu. É extraordinária a incapacidade
dos nossos governantes, particularmente nos últimos quarenta anos, para
compreenderem que o dinheiro “gasto” com os laboratórios de investigação do
estado independentes das universidades é um
fabuloso investimento. Não conseguem perceber que o eficiente combate a
uma praga ou doença custa muito menos que o prejuízo que elas causam. E um
combate eficiente só é possível com bons investigadores ou com pessoas ensinadas
ou dirigidas por eles. Há muitos bons exemplos a demonstrá-lo.