Miguel Mota |
Nas suas interessantes retrospectivas
de notícias importantes que ocorreram no período de 150 anos de existência, que
comemora em 2014, o Diário de Notícias (DN) relata, em 14 de Agosto de 2014, a
inauguração da Ponte Salazar, ocorrida em 6 de Agosto de 1966. O DN do dia 7 desse
ano relatava, na primeira página e com uma grande fotografia: "Inaugurada
a Ponte Salazar. Cem milhões de europeus viram pela televisão a maior e a mais
bela ponte do velho continente".
Pouco depois do 25 de Abril de 1974 e
logo que a ditadura militar - quem tudo mandava era o MFA – foi substituída
pela ditadura militar comunista de Vasco Gonçalves – leia-se Moscovo – a fúria
destrutiva de tudo o que a anterior ditadura tinha feito de bom iniciou-se com
grande intensidade. Dentro dessa fúria destruidora, foi arrancado do bloco de
amarração dos cabos da ponte o nome de Ponte Salazar e substituído por Ponte 25
de Abril.
Em pura dedução minha, mas baseada em
sinais que se me afiguram fidedignos, penso que essa acção teve dois
objectivos: apagar a memória do que a outra ditadura tinha feito de bom e fazer
crer, especialmente aos jovens nascidos já depois do 25 de Abril, que algumas
dessas realizações foram obra da actual ditadura. Esta última dedução encontra
apoio, pelo menos num facto. Sei do caso de uma pessoa que, comentando que o
nome de Ponte 25 de Abril era para dar a ideia de que fora construída depois da
revolução, ouviu de uma jovem: "Então e não foi?"
A alcunha é um nome que se aplica a
quem já tinha um nome de baptismo. Assim, pode dizer-se que a Ponte Salazar tem
agora a alcunha de Ponte 25 de Abril.
Mais uma vez digo, a todos os que
clamam que vivemos em democracia, que, então, a culpa do estado desgraçado do país,
é deles. Antigamente, sem haver eleições livres, a culpa
de todos os males era de um ditador. Em democracia a culpa é dos cidadãos que,
podendo escolher quem manda, elegem tão maus governantes.