O PS vence mas não convence e o pior de tudo aos olhos dos
portugueses não é alternativa. Depois de três anos de governo com uma
austeridade nunca vista, o PS tinha obrigação de ter tido uma votação mais expressiva
nestas eleições europeias. Eu sei que são eleições europeias e não eleições
legislativas mas os portugueses nestas eleições a permeio de eleições para se
ter um governo aproveitam para castigar e dizer do que não gostam.
Os portugueses estão zangados com o PSD e CDS, mas não
acreditam, nem têm confiança, no PS, e muito menos, em António José Seguro
(AJS).
Estas eleições europeias trouxeram à liça que António José
Seguro está –se a tornar o problema e
não a solução para o PS. Já nas eleições autárquicas, o PS venceu, mas não
conseguiu capitalizar esse descontentamento e gestão suicida do governo no
lema” custe o que custar”, fez cortes e mais cortes parecendo um lenhador com
uma motosserra. O défice tem vindo a baixar mas a dívida pública não. Todavia
os portugueses, uns estão cansados e a forma de manifestar o seu
descontentamento foi não votar, outros acham que este governo não tem culpa do
que se passou anteriormente com o governo de José Sócrates e, que este governo
tirou o país da bancarrota, votaram PSD e outros da forma mais variada votaram noutros
partidos, em branco e nulo.
O PS tem que perceber que não é com tiros nos pés, ao fazer reaparecer
José Sócrates na campanha que vence eleições. Os portugueses estão escaldados e
desconfiados. Poderão vir a votar no PS, mas que nada tenha que ver com um
passado recente.
Porém AJS é um líder fraco, muito preocupado com os seus
militantes socialistas que lhe dão os votos para se manter no poder, em vez de
se preocupar com as pessoas, como diz, mas as pessoas que não são militantes do
PS.
Mário Soares ao não aparecer nesta campanha europeia traçou
o destino de AJS. Deu a entender para quem queira perceber que AJS não serve, é
um líder fraco, para o PS vencer tem que mudar de líder, seja António Costa, seja
quem for. Com AJS já se viu que o PS não vai a lado nenhum. António Costa
hesita entre ser Primeiro-ministro ou Presidente da República mas o PS não pode
esperar mais. ( parece que vai avançar).
Há coisas do destino, o PS depois de vencer pode entrar em
convulsão interna com um congresso extraordinário e com a disputa de uma eleição
para secretário-geral. Se não o fizer há a possibilidade contra todos os
prognósticos de o PSD vencer as próximas eleições, de novo.
O PS tem que pôr fim a este acantonamento, obediência,
submissão e reverência ao chefe em público e em surdina contestando e
insurgindo-se e à espera que o poder lhes caia nos braços de podre.
O PS para ser alternativa de poder tem que recuperar a iniciativa,
mudar de rostos e dizer de forma sintética e plausível o que faria para melhor
no governo.
O PS precisa de carisma e indivíduos com faro político e imaginação.
De outro modo, o PSD e Pedro Passos Coelho arriscam-se a vencer sem saber como,
em 2015.
O PS lembra-me um texto de Benedetti: «quando pensávamos que
tínhamos todas as respostas, de repente, todas as perguntas mudaram».
JJ