Christian Wulff é um nome que não diz muito aos portugueses , mas foi presidente da Alemanha. Vou falar deste caso como um exemplo como deve funcionar as instituições de um país nomeadamente a justiça.
Verdade que passou de acusado a absolvido. Porém um politico não pode , não deve estar acima da justiça,se quer ser absolvido e defender a sua honra deve prová-lo em tribunal. Não pode por contorcionismo, fuga, ou deambulações, furtar-se ou fazer de conta perante as suas responsabilidades politicas e públicas. Deve ter cuidado a aceitar presentes, passar férias em casa de amigos, etc., no fundo, evitar situações que levantem suspeitas e dêem azo a interpretações menos transparentes e fofoca.
Foi acusado de suborno,o tribunal de Hannover solicitou o levantamento da sua imunidade para o poder acusar pelo delito de suborno.
Christian Wulff teve que renunciar ao cargo de presidente da Alemanha pois não tinha alternativa possível. Seguidamente compareceu perante a imprensa para dizer que havia deixado de contar com a confiança dos alemães e por essa razão já não lhe era possível exercer as suas funções e demitiu-se. Todavia esta sua intervenção tem uma nuance importante , na parte final da sua conferência de imprensa, na altura disse:« que cometeu alguns erros mas foi sempre sincero».
A sua demissão deveu-se a um pequeno pecado , diria ingénuo, comparado com muitos pecados tenebrosos cometidos por políticos portugueses que nada lhes acontece. Ainda se riem baixinho de todo o sururu à volta de uma qualquer bronca e levam a melhor quase sempre, dando a sensação para a opinião pública que a justiça lhes passa ao lado.
Christian Wulff quando era presidente da Baixa-Saxónia, um empresário Egon Geerkens concedeu-lhe um empréstimo de 500.000€,que utilizou para comprar uma casa. O empréstimo tinha que ser pago no prazo de 5 anos a um juro de 4%. Tudo isto é legal e nada demais, eu posso ter alguém que me empreste dinheiro e ninguém tem nada que ver com isso. Porém cometeu um erro crasso. Interpelado no Parlamento regional da Baixa- Saxónia negou ter vínculos comerciais com Egon Geerhens.
Não tardou a ser descoberto pela imprensa . O que fez não é proibido por lei , porém regula o comportamento de um político e despertou suspeitas que Chritian Wulff fez valer a sua influência para que o seu amigo fizesse negócios chorudos.
Christian Wulff tinha fama de ajudar os seus amigos milionários. Foi também acusado de aceitar um convite de um amigo pessoal, o empresário cinematográfico,David Groenewold para a festa da cerveja em Munique. O delito foi que empresário pagou o quarto do hotel e despesas no valor de 710.40€. Em contrapartida Wulff escreveu uma carta à multinacional Siemens para ajudar o seu amigo.
Porém em tribunal não se provou que Christian Wulff fosse corrupto. Este relato comparado com muitos que conhecemos em Portugal é uma brincadeira de aprendiz e até me faz rir.
O que se passou na Alemanha é impensável passar-se em Portugal, alguém ir a tribunal e demitir-se por tão pouco. O tráfico de influências, fazer valer o seu poder, em Portugal é comum e normal. Por outro lado ir a tribunal e ser acusado de, corrupção, suborno só para os fracos e sem poder.
Os políticos em Portugal antes de serem eleitos têm intenções perfeitamente puras e boas.Mas, uma vez em funções,tornam-se uns convencidos e esquecem completamente o objectivo que se tinham fixado.
Têm a ideia que podem fazer tudo que querem, sem que ninguém tenha nada a dizer .Mesmo que cometam actos repreensíveis acham que não é grave, tendo em conta a dedicação com que cumprem a sua tarefa.
É assim que acabam por se deixar corromper facilmente. Quanto mais poder um politico detém mais vigilante e atento deve estar. Não pode perder o sentido da sua missão: servir os outros e não servir-se a ele, sua família e seus amigos.
Isso é o que deve ditar a consciência de um politico, os seus pensamentos e intenções.Sempre o bem comum...
JJ