Miguel Mota |
A grande
riqueza da flora de Portugal em plantas aromáticas e medicinais, apenas está
explorada numa pequena parcela do total e de forma descontrolada e sem
preocupação de salvar os recursos genéticos existentes (biodiversidade).
Esse facto tem originado uma erosão genética, que urge travar, salvando
e conservando em Banco de Genes a biodiversidade existente, promovendo a
sua caracterização e avaliação e, por último, o seu aproveitamento de
forma sistemática. Muitas dessas espécies vegetam em zonas de montanha, por
vezes áridas, que não têm boas possibilidades para outros tipos de
agricultura.
Se o conhecimento que temos da distribuição geográfica
das espécies é razoável ou mesmo bom, quase nada se sabe da
variabilidade intra-específica - talvez a parte mais valiosa da "biodiversidade"
- embora haja indicação de que ela é muito ampla.A serra de Monchique é uma porção privilegiada desse longo rectângulo que é a chamada "serra do Algarve", que separa esta província do Baixo Alentejo. Ao contrário da maior parte dessa serra, que está escassamente revestida de vegetação e, em muitas partes, se encontra totalmente nua e com zonas descarnadas, Monchique é um verdadeiro oásis, apresentando uma luxuriante vegetação, arbórea, arbustiva e herbácea, dum valor incalculável, não só pela sua produção, mas pelos efeitos benéficos sobre o clima e a retenção da água no solo, evitando a erosão.
Já foi chamada a atenção para a urgente necessidade dum vasto programa de reflorestação de toda a Serra do Algarve, um empreendimento crucial para o País. Monchique dá-nos o modelo e, quando toda a serra estiver como Monchique, não é só o Algarve que beneficia, mas também o Alentejo.