02/02/2014

Incentivos


Miguel Mota


Vejo na comunicação social que a Senhora Ministra da Agricultura anunciou incentivos para os agricultores que pouparem água.
Os mais directos beneficiários dessa poupança de água são os próprios agricultores. Tal como nas muitas outras práticas agrícolas, que só não são alteradas porque os empresários agrícolas as desconhecem. Nenhum agricultor consciente desperdiça água por prazer, deliberadamente. Tal como não usa a melhor variedade da espécie vegetal que cultiva, ou a adubação mais adequada, ou qualquer outra prática.
A agricultura é uma actividade muito complexa. Depende de variadíssimos factores, alguns dos quais não são humanamente controláveis, como o clima. Só é possível, nalguns casos, prevenir, como ter boa drenagem do solo, para se defender do excesso de chuva. A complexidade vai de todos estes casos e muitos mais, que até à comercialização dos produtos.
Conhecendo estes factos, a melhor actuação do Ministério da Agricultura será levar até ao agricultor esses conhecimentos.
Uma comunicação que apresentei à IV Semana de Extensão Rural, organizada pelos estudantes da Universidade de Évora, em 1992, intitulava-se INVESTIGAÇÃO E EXTENSÃO, OS MAIORES "SUBSÍDIOS" QUE PODEM SER DADOS A QUALQUER AGRICULTURA. Está publicada na “Gazeta das Aldeias” de Julho de 1992
O nome de Serviços de Extensão Agrícola - ou Serviços de Extensão Rural - está generalizado para os serviços que, nos Ministérios da Agricultura, têm a tarefa de levar até aos agricultores os conhecimentos de que necessitam e particularmente os que vão sendo produzidos pela Investigação Agronómica.
A actual Ministra da Agricultura travou a destruição da agricultura que vinha sendo feita há mais de três décadas e atingiu o máximo de intensidade no governo PS de Sócrates. Tomou algumas medidas acertadas, de tal forma que, nesta economia desgraçada, o Produto Agrícola Bruto (PAB) tem estado a crescer. Mas estaria a crescer mais se, como eu esperava, dada a sua actuação esclarecida logo no início do mandato, tivesse desenvolvido o há anos bem melhor serviço de investigação agronómica, hoje quase destruído, e o serviço de extensão rural. Não o fez e eu não posso deixar de pensar se as forças que pretendem a destruição da agricultura continuam a ter algum poder
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