Pedro Almeida |
Dizem que Mário Soares passou do prazo e já não
diz nada com sentido. Ele dirige-se ao actual Presidente da Republica e ao
primeiro-ministro e diz-lhes para se demitirem. Incita à violência e à desobediência
civil.
Isto tudo, depois de ele próprio ter sido
protagonista de um resgate financeiro, quando primeiro-ministro, no distante
ano de 1980.
É triste ver esta histórica figura da política
portuguesa descambar por caminhos tortuosos. Não pelo sentido das suas
palavras, que essas estão bem corretas: o actual Presidente faz tudo para deixar
este governo seguir a sua senda destruidora, por isso, não está a exercer as
suas funções fiscalizadoras, correctamente. É sim triste, porque tem que ser um
reformado a agitar as consciências do cidadão português.
O governo, com a cumplicidade da Troika, quer
refazer em 3 ou 4 anos, o que foi lentamente destruído ao longo de 30 anos, em
Portugal, por sucessivos governos do PS, PSD e CDS. O resultado está a ser a aniquilação
do país.
Como não acredito que se possa ser tão
incompetente assim, mesmo com a cega desculpa do “retorno aos mercados”, eu
estou convencido que a razão de se levar o país à miséria e desespero é um
rancor antigo, pelo 25 de Abril de 1974, por parte da direita Portuguesa (hoje.
como no passado, dona do monopólio do Capital, no país).
Todos vivem os seus traumas na vida mas, saber
lidar com os traumas, é que importa.
O que se passa hoje em Portugal é contrário à Constituição
Portuguesa, aniquila qualquer forma de desenvolvimento dos valores da
sociedade, mata a economia Nacional. Dai, o incitamento
à desobediência civil é legitima e está mesmo consagrado na Constituição Portuguesa.
à desobediência civil é legitima e está mesmo consagrado na Constituição Portuguesa.
As mais de 3 décadas de esbanjamento, roubo e corrupção,
num período de democracia, na história de Portugal, encaminhou-nos para esta situação
actual (com completa impunidade dos prevaricadores e cumplicidade dos
restantes). Quem cometeu estes crimes, sabia o que fazia. E o abuso aumentou quando
a sua impunidade começou a ser garantida, pelo sistema ”favorável”, como é a
inoperante e manipulada justiça.
Há, assim, uma grande diferença entre este resgate
e o resgate de 1980, este acontecido 6 anos depois de uma revolução, e que pôs
fim a quase 50 anos de retrógrada, estupidificante e empobrecedora ditadura.
Após 1974, éramos uma nova Nação, sem grandes certezas para o futuro e sem dar
garantias de vitalidade financeira e estabilidade politica.
A grande diferença com então é que hoje não há
nenhuma preocupação em construir um país desenvolvido, não só financeiramente,
como também com valores sociais, culturais e humanos.