Pedro Almeida ( Liverpool) |
A Amnistia
Internacional é uma organização não-governamental, focada nos direitos humanos,
com mais de 3 milhões de membros e simpatizantes em todo o mundo.
O objectivo da
organização é “ realizar pesquisas e gerar acções para prevenir e acabar com
graves abusos dos direitos humanos e exigir justiça para aqueles cujos direitos
foram violados”. A Amnesty Internacional foi fundada em
Londres em 1961, após a publicação do artigo "os Prisioneiros
Esquecidos" no Observer de 28 Maio de 1961, pelo advogado
Peter Benenson.
De acordo com seu
próprio relato, ele viajava no metro de Londres a 19 de Novembro de 1960,
quando leu num jornal que dois estudantes portugueses de Coimbra tinham sido
condenados a sete anos de prisão em Portugal por alegadamente "terem
bebido um brinde à liberdade". Pesquisadores nunca conseguiram localizar o
artigo de jornal em questão.
Em 1960, Portugal
era governado pelo governo do Estado Novo de António de Oliveira Salazar. O
governo era autoritário na sua natureza e fortemente anti-comunista. Estes eram
considerados inimigos, por serem anti-portugueses e suprimidos pelo Estado.
No seu artigo de
jornal "The Forgotten Prisoners", Benenson mais tarde descreveu a sua
reacção como se segue: "Abra o seu jornal em qualquer dia da semana e vai
encontrar uma história de algum lugar, de alguém sendo preso, torturado ou
executado porque as suas opiniões ou religião são inaceitáveis para seu
governo [...] O leitor de jornal sente uma sensação nauseante de impotência. No
entanto, se esses sentimentos de desgosto pudessem ser unidos em acção comum,
algo eficaz poderia ser feito. “
A Amnistia
Internacional, que hoje tem o tamanho e a importância que lhe é reconhecida,
foi criada depois deste artigo ser escrito e foi inspirada por ele. E a
revolução de 25 de Abril devia ter um sentido histórico ainda mais elevado e o
português deveria sentir-se orgulhoso e agradecido, pela ajuda recebida e
manter-se fora de”trabalhos”, como criar outro regime autoritário e
desrespeitador da opinião pública e do benefício comum.
Não discordo da
necessidade da polícia fazer o seu trabalho - manter a ordem. O trabalho que
fez no Parlamento, meses atrás, até pode ser louvado, pela paciência das forças
de segurança em conter a fúria, enquanto esta foi tolerável. Quando passou das
marcas, então usou-se a violência habitual, que é sempre usada, tanto depois do
25 de Abril, como antes desta data. Quero dizer – o conter de desordem pública.
Desconheço se foi usada violência exagerada ou não. Não estava lá pra ver.
Mas, quando a
Amnistia Internacional classificou de força exagerada, comparou com outros
países “civilizados“, em circunstâncias normais, em tempos de paz.
Há, no entanto,
pessoas em Portugal que, por tanto gostarem do pré - 25 de Abril e dos seus “anos
de ouro”, não podem simpatizar com um movimento activo, interventivo e
consequente, que talvez tenha mesmo ajudado a criar as condições para acontecer
a revolução de ‘74.
Pluralidade de
ideias e sua discussão, sim. Mas defender uma ideologia que suprime a liberdade
de expressão é o mesmo que fazer parte de um clube de ténis e defender a
eliminação do uso da raquete. Ridículo, no mínimo.