14/06/2013

Crónica de Liverpool : Amnistia Internacional


Pedro Almeida ( Liverpool)
A Amnistia Internacional é uma organização não-governamental, focada nos direitos humanos, com mais de 3 milhões de membros e simpatizantes em todo o mundo.

O objectivo da organização é “ realizar pesquisas e gerar acções para prevenir e acabar com graves abusos dos direitos humanos e exigir justiça para aqueles cujos direitos foram violados”. A Amnesty Internacional foi fundada em Londres em 1961, após a publicação do artigo "os Prisioneiros Esquecidos" no Observer de 28 Maio de 1961, pelo advogado Peter Benenson.

De acordo com seu próprio relato, ele viajava no metro de Londres a 19 de Novembro de 1960, quando leu num jornal que dois estudantes portugueses de Coimbra tinham sido condenados a sete anos de prisão em Portugal por alegadamente "terem bebido um brinde à liberdade". Pesquisadores nunca conseguiram localizar o artigo de jornal em questão.

Em 1960, Portugal era governado pelo governo do Estado Novo de António de Oliveira Salazar. O governo era autoritário na sua natureza e fortemente anti-comunista. Estes eram considerados inimigos, por serem anti-portugueses e suprimidos pelo Estado.

No seu artigo de jornal "The Forgotten Prisoners", Benenson mais tarde descreveu a sua reacção como se segue: "Abra o seu jornal em qualquer dia da semana e vai encontrar uma história de algum lugar, de alguém sendo preso, torturado ou executado porque as suas opiniões ou religião são inaceitáveis ​​para seu governo [...] O leitor de jornal sente uma sensação nauseante de impotência. No entanto, se esses sentimentos de desgosto pudessem ser unidos em acção comum, algo eficaz poderia ser feito. “

A Amnistia Internacional, que hoje tem o tamanho e a importância que lhe é reconhecida, foi criada depois deste artigo ser escrito e foi inspirada por ele. E a revolução de 25 de Abril devia ter um sentido histórico ainda mais elevado e o português deveria sentir-se orgulhoso e agradecido, pela ajuda recebida e manter-se fora de”trabalhos”, como criar outro regime autoritário e desrespeitador da opinião pública e do benefício comum.

Não discordo da necessidade da polícia fazer o seu trabalho - manter a ordem. O trabalho que fez no Parlamento, meses atrás, até pode ser louvado, pela paciência das forças de segurança em conter a fúria, enquanto esta foi tolerável. Quando passou das marcas, então usou-se a violência habitual, que é sempre usada, tanto depois do 25 de Abril, como antes desta data. Quero dizer – o conter de desordem pública. Desconheço se foi usada violência exagerada ou não. Não estava lá pra ver.

Mas, quando a Amnistia Internacional classificou de força exagerada, comparou com outros países “civilizados“, em circunstâncias normais, em tempos de paz.

Há, no entanto, pessoas em Portugal que, por tanto gostarem do pré - 25 de Abril e dos seus “anos de ouro”, não podem simpatizar com um movimento activo, interventivo e consequente, que talvez tenha mesmo ajudado a criar as condições para acontecer a revolução de ‘74.

Pluralidade de ideias e sua discussão, sim. Mas defender uma ideologia que suprime a liberdade de expressão é o mesmo que fazer parte de um clube de ténis e defender a eliminação do uso da raquete. Ridículo, no mínimo.