Miguel Mota |
Como sabemos, a origem do nome “democracia”, vem
das palavras gregas demos (povo) e kratos (poder), ou seja, é um sistema em
que o poder não reside num rei, num imperador, num czar, ou num pequeno grupo
de pessoas, mas sim no povo, os cidadãos, com a condição de serem maiores de 18
anos. Para um país ser democrático, não basta que lhe ponham esse nome. Bem nos
lembramos do que eram as ditaduras comunistas chamadas “República Democrática
de...”
Como não é possível consultar
todos os cidadãos para todas as decisões e isso fica limitado a casos de
extrema importância que exigem essa consulta num referendo, torna-se necessário
que os cidadãos maiores de 18 anos escolham – livremente – quais dos seus pares ficarão encarregados de fazer as leis e de
governar. Naturalmente, isso inclui o direito a candidatar-se a ser um desses
escolhidos para tais cargos. Se os cidadãos não podem escolher senão quem foi
“nomeado candidato” por alguma ou algumas entidades, estamos em ditadura. Como
já escrevi neste jornal isso é que eu mais abominava na anterior ditadura. Muito
mais do que aquela estúpida e ineficiente censura, pois se acabava por saber
quase tudo o que era cortado pela censura e até o “Avante” conseguia circular
clandestinamente. Embora os cidadãos pudessem candidatar-se a deputados, os
entraves e manipulações faziam com que sempre fossem eleitos os candidatos
“nomeados” pela União Nacional. Estávamos, portanto, em ditadura.
E agora? Podem protestar à vontade.
Não conseguem nada, mas vão para casa satisfeitos... porque puderam protestar!
Isso chega-lhes para pensarem que estão em democracia!
Não se incomodam nada com o facto
de não terem “licença” para se candidatar a deputados. Nunca fiz tenção de me
candidatar a deputado mas não tolero não ter esse direito, pois isso só sucede
em ditadura. E quando vão votar só têm licença de votar, em listas com ordem
fixa, nos candidatos que foram “nomeados” como tal por meia dúzia de ditadores,
que entre si repartem o poder, outra característica duma ditadura – a mais importante,
na minha opinião – e que era o que, como disse, o que eu mais abominava na
anterior ditadura. Essa, nunca afundou o país como esta – até o tirou duma situação
quase tão má – nem causou à maioria dos portugueses uma brutal descida no seu
nível de vida que desde 2005 não estimo em menos de 50% e que vai continuar,
estagnando completamente o país, ao mesmo tempo que alimenta uma minoria de ricos
e dá a outros benesses que nos custam imenso dinheiro. Nessas não se corta!
A todos os que se dizem em democracia
eu culpo por este estado de coisas. Se têm a liberdade inerente a uma
democracia, porque é que elegem tão maus dirigentes? São mesmo masoquistas...