02/11/2011

Incompreensível

foto: JPN


Tendo perdido apenas o começo, assisti ontem, 31 de Outubro de 2011, ao programa "Olhos nos olhos", na TVI24. O Dr. Medina Carreira fez uma excelente descrição da situação política em Portugal, dizendo que quem tudo manda é o chefe do partido, desde decidir quem vai ser deputado a quem vai ocupar os principais postos de comando, declarando que os cidadãos, quando votam para eleger os seus deputados - as mais importantes eleições, acrescento eu - apenas podem escolher uma de meia dúzia de listas, elaboradas por meia dúzia de chefes de partido e que o papelinho que vão meter na urna é uma lista de pessoas quase todas desconhecidas. Uma perfeita descrição dum sistema ditatorial, antidemocrático, em que os cidadãos não podem escolher livremente quem, por delegação sua, vai legislar e governar. Com grande espanto meu, remata os seus considerandos declarando: "É essa a fragilidade da nossa democracia". A "nossa democracia"?!!! Eu sei que a enorme maioria dos portugueses, principalmente os que se queixavam da anterior ditadura, embora tendo presentes todas aquelas limitações, que são a negação da democracia e as reais características duma ditadura - cujos resultados mostram ser bem pior que a outra, que nunca causou à maioria dos portugueses um tão grande corte no seu nível de vida nem atirou o país para o abismo em que nos encontramos e até o salvou dum quase tão mau - clamam que vivem em democracia e que têm "eleições livres". Mas, como mais de uma vez tenho repetido, quando algo me parece bem claro e até que me demonstrem o contrário, não mudo de opinião.

Miguel Mota