25/11/2011

A Estação Agronómica fez 75 anos - 1

Em 16 de Novembro de 1936, completaram-se agora 75 anos, foi criada pelo Decreto-Lei Nº 27.207 a Estação Agronómica Nacional (EAN). Não foi um acontecimento vulgar mas sim uma mudança, para melhor, na investigação científica e na agricultura, em Portugal. Até essa data, só havia, fora das universidades, algumas unidades de pequena amplitude e de escassa produção científica, tanto em organismos oficiais como em reduzido número de privados. Também com ela e para ela foi criada a carreira de investigador científico, paralela da carreira docente universitária.
A EAN, além de ser, fora das universidades, a primeira instituição de investigação científica moderna e de razoável dimensão, foi o modelo adoptado por todos os que vieram depois, dela decalcados. O primeiro, nascido dez anos mais tarde, foi o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que conseguiu não sofrer de algumas limitações impostas à EAN.
Instalada provisoriamente nos Jerónimos, foi em 1941 transferida para uma propriedade e um edifício construído de novo, em Sacavém. Quando a companhia SACOR necessitou de se expandir para esses terrenos, adquiriu a propriedade e a Estação comprou a parte Norte da Quinta do Marquês, em Oeiras, onde construiu novos edifícios. O primeiro foi o do Departamento de Genética, terminado em 1961. O edifício principal, onde está a Direcção e alguns Departamentos, foi inaugurado pelo Presidente da República em 1966.
A partir de 1974, a EAN começou a sofrer toda a espécie de limitações, dentro da dupla destruição, da agricultura e de toda a investigação que não seja das universidades. Essa destruição, lenta no início mas depois acelerada, principalmente a partir de 2005, culminou com a vergonhosa legislação dos fins de 2007, que decretou a sua extinção e a de mais outros organismos, como a Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, em Elvas, criada em 1942 e que tanto já tinha dado à agricultura e, portanto, à economia de Portugal.
Remando contra a maré e contra todos os obstáculos que se iam levantando, um punhado de investigadores do que resta da EAN, conseguiu, no dia 16 de Novembro de 2011, celebrar os 75 anos da sua oficialmente extinta instituição. A comemoração desse 75º aniversário constou duma Sessão Solene e da publicação dum livro - editado pela Imprensa Nacional - em que se encontram relatos do que foi a actividade dos seus diversos departamentos.
A abertura da Sessão Solene foi presidida pelo Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Eng.º Agrónomo Daniel Campelo. Segundo me informaram, a Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território gostaria de estar presente, o que não foi possível por o governo estar desses dias a apresentar na Assembleia da República o Orçamento para 2012. De mais pormenores da Sessão falarei num segundo artigo.


Miguel Mota