Nunca se nos tornou tão difícil escrevermos esta coluna, não que faltasse matéria, mas mais pelo melindre da questão que desejamos partilhar.
Este Portugal, que nasceu em 1143 pela mão e espada de Afonso Henriques; que séculos depois se estendeu até ao Algarve e desbravando “mares nunca dantes navegados”, deu novos mundos ao Mundo; que se libertou das” garras” de Castela e soube reencontrar a Liberdade quase no último quartel do século XX, este Portugal, “cantinho à beira-mar plantado”, está a perder as suas últimas virtudes, da credibilidade e da honra.
Não somos nós, modesto e ignorado cidadão, a entrar no último quartel da vida, quem o afirma. São milhões de portugueses, iguais a nós, que o sentem; são alguns – o número vai em crescendo, cada dia que passa - dos “doutores” da política, da economia e das finanças, de todos os quadrantes, incluindo os que estiveram ou estão nas estruturas do partido que nos governa, quem o diz e escreve.
Bastará lerem-se as últimas entrevistas do socialista Henrique Neto ao “Jornal Económico “ , do ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, ao “Expresso”, de António Vitorino e Ana Gomes, ao “Sol”.
E, perante isto, há quem pareça não se perturbar, não se inquietar, não sentir a consciência a dizer-lhe que já basta e que é hora de deixar o poder. O “reino” de Sócrates está no estertor e só ele o não sente. Ele e mais meia dúzia de aliados – alguns que jamais sonhariam ser parceiros da nossa desgraça colectiva – e outros que perdendo todo o pudor querem continuar a cultivar a sua “quinta”, colhendo dela, sem olhar a meios “frutos” que os vão “depositar” em quintas alheias, pois aí estão mais seguros.
Dentro de dias vai ser aprovado na especialidade o nado-morto que é o Orçamento do Estado e, a partir daí, cremos ser chegada a hora de o primeiro-ministro, num último assomo de vergonha, deixar o poder, pois se o não fizer, apagar-se-á a ténue luz de um túnel que cada vez é mas longo e as esperanças de todos e cada um de nós, de um futuro com um mínimo de dignidade esvair-se-á.
Não é isto que desejamos para nós, para os nossos filhos ou para os nossos netos. Não! Já basta de sofrimento e de desgraça.
E é ainda com uma ponta de esperança que o cumprimentamos, com a amizade de sempre.
Manuel Cruz
director do jornal Carvalhos
Este Portugal, que nasceu em 1143 pela mão e espada de Afonso Henriques; que séculos depois se estendeu até ao Algarve e desbravando “mares nunca dantes navegados”, deu novos mundos ao Mundo; que se libertou das” garras” de Castela e soube reencontrar a Liberdade quase no último quartel do século XX, este Portugal, “cantinho à beira-mar plantado”, está a perder as suas últimas virtudes, da credibilidade e da honra.
Não somos nós, modesto e ignorado cidadão, a entrar no último quartel da vida, quem o afirma. São milhões de portugueses, iguais a nós, que o sentem; são alguns – o número vai em crescendo, cada dia que passa - dos “doutores” da política, da economia e das finanças, de todos os quadrantes, incluindo os que estiveram ou estão nas estruturas do partido que nos governa, quem o diz e escreve.
Bastará lerem-se as últimas entrevistas do socialista Henrique Neto ao “Jornal Económico “ , do ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, ao “Expresso”, de António Vitorino e Ana Gomes, ao “Sol”.
E, perante isto, há quem pareça não se perturbar, não se inquietar, não sentir a consciência a dizer-lhe que já basta e que é hora de deixar o poder. O “reino” de Sócrates está no estertor e só ele o não sente. Ele e mais meia dúzia de aliados – alguns que jamais sonhariam ser parceiros da nossa desgraça colectiva – e outros que perdendo todo o pudor querem continuar a cultivar a sua “quinta”, colhendo dela, sem olhar a meios “frutos” que os vão “depositar” em quintas alheias, pois aí estão mais seguros.
Dentro de dias vai ser aprovado na especialidade o nado-morto que é o Orçamento do Estado e, a partir daí, cremos ser chegada a hora de o primeiro-ministro, num último assomo de vergonha, deixar o poder, pois se o não fizer, apagar-se-á a ténue luz de um túnel que cada vez é mas longo e as esperanças de todos e cada um de nós, de um futuro com um mínimo de dignidade esvair-se-á.
Não é isto que desejamos para nós, para os nossos filhos ou para os nossos netos. Não! Já basta de sofrimento e de desgraça.
E é ainda com uma ponta de esperança que o cumprimentamos, com a amizade de sempre.
Manuel Cruz
director do jornal Carvalhos