Mário Russo
O pagamento de portagens nas SCUTs do Norte, como pretende impor o governo, revela o desnorte deste governo fora de prazo. Foi o PS que criou este modelo de financiamento de infra-estruturas públicas com recurso a uma negociação com privados, garantindo-lhes a parte de leão. Parecia o ovo de Colombo. O governo vangloriava-se de não ter de despender recursos, mas sim os privados.
Os argumentos baseavam-se na necessidade de corrigir assimetrias, dotando as regiões desfavorecidas de meios para o seu desenvolvimento, para além de serem zonas do país sem vias de comunicação alternativas. São critérios válidos e defensáveis em qualquer tempo.
Agora vem dar o dito pelo não dito. Mas ao fazer, é sobre as SCUT do Norte do país que recaem os prémios. Regiões deprimidas economicamente são fustigadas com mais impostos. Os argumentos são pura fraude. Mentiras sobre mentiras.
Por exemplo, ao justificar o pagamento da A28, para Viana do Castelo, o ministério das obras públicas apresentou o cálculo do tempo de percurso Porto a Caminha do seguinte modo: calcularam tempos de viagem pela auto-estrada com o seguinte trajecto: Porto - Viana do Castelo – Ponte de Lima – Viana do Castelo – Caminha, para concluir que o tempo gasto era pouco maior que uma viagem do Porto a Caminha pela N13 (claro que não foram de Viana a Ponte de Lima e volta. Isto esteve no site do MOPTC (que ao ver a fraude o retiraram). Esta é a seriedade deste estudo e deste governo.
Ao ver a revolta de autarcas da região Norte contra esta injustiça, vem Sócrates garantir um critério de isenção a residentes e a quem trabalhe nas zonas “portajadas”. Uma verdadeira torre de babel que o governo está a criar. Estão a abrir uma caixa de Pandora. A incompetência que emerge destas decisões é demasiado evidente. Mas afinal quem é que devia travar tamanhos disparates? Seria o Ministério que tutela as vias de comunicações. Porque o não fez? Por incompetência.
Bem, sendo um ministério de Obras Publicas, seria espectável que alguém fosse engenheiro, mas não, todos os altos dirigentes são economistas, sendo o secretário de estado, o senhor Paulo Campos, filho do ex-deputado do PS e ex-ministro PS, António Campos (eurodeputado) que teve logo o prémio pós licenciatura de galgar por mérito os postos mais elevados de empresas públicas (ver o seu CV na internet).
É por estas e outras que a farra continua e o país vai caminhando para o abismo.