A nova geração de políticos no Clube de Pensadores
Para um tema tão actual, Joaquim Jorge convidou António José Seguro, do PS, António Filipe, do PCP, Diogo Feyo do CDS e Luis Montenegro do PSD, jovens estrelas dos seus partidos, com provas dadas a nível nacional. Ana Drago não pode estar presente mas virá para a próxima.
Depois da brilhante apresentação dos convidados, JJ deu a palavra a António José Seguro que referiu não ser a idade a qualificar a nova geração de políticos, mas as ideias e a forma de exercer a política, sobretudo a coerência na defesa de valores sem os quais a política não faz sentido.
Identificou tais valores, em que a ética ocupou lugar cimeiro, porque faz parte integrante da política. Seguiu-se a transparência, porque quem gere dinheiros públicos não pode actuar de outra forma. O respeito pelas regras democráticas foi outro dos valores, sem os quais a acção política cai no nepotismo ou despotismo. A verdade em política é fulcral, apesar do seu contrário na visão de alguns. De facto, antes o conteúdo que a forma e o espectáculo.
Por fim a competência a serviço da política. Governar é optar e, logicamente é com competência política que se tomam as boas decisões, naturalmente suportadas pela técnica e pela ciência. Outro valor que os políticos devem cultivar é saber dizer Não quando necessário, porque hoje o facilitismo induz dizer sim a tudo e a todos, com as consequências conhecidas.
Diogo Feyo começou por trazer a definição do dicionário sobre geração para lembrar que uma geração jovem de políticos tomou o poder após o 25 de Abril e ocupou o topo da hierarquia do Estado e dos partidos por longos anos (eu diria até ao presente) e bloqueou a entrada de novos rostos e de novas ideias. Concitou ao conhecimento da história e da memória, que não pode ser conservadora, mas portadora de mudança. Hoje a nova geração só o é se for de ruptura, de ideias claras do que é mais importante para resolver os problemas da sociedade, bem como se os políticos souberem interpretar o que as famílias querem. Finalizou citando Eduardo Lourenço sobre o orgulho e ambição de um povo para viver em harmonia consigo próprio.
António Filipe começou por ler um poema de Brecht sobre os tempos modernos. Ser jovem não é um posto, disse. Tem de haver memória e passado sem ser inevitável, para sabermos o que é melhor para o futuro. Uma nova geração de políticos não tem de ser melhor, nem pior que a seguinte, mas pode ser e terá tudo para que seja. A democracia, sendo um edifício em obras, precisa de vigilância e ser acompanhada. Também realçou a ética como um valor inalienável em política.
Luís Montenegro lembrou que o tema é vasto. Realçou que uma nova geração de políticos deve saber honrar os seus compromissos com os eleitores, interpretando a sua vontade. A transparência foi também outro dos valores invocados e a coragem de agir com independência. A nova geração de políticos marcará a sociedade se agir sem tacticismos, mas com verdade, independência e transparência nas funções públicas. Uma nova geração de políticos deve ter a coragem de fazer perguntas incómodas, tais como: a organização emanada do 25 de Abril responde aos actuais desafios sociais? É a melhor forma de organização? Será que a regionalização não será a grande reforma política?
A finalizar, Joaquim Jorge fez uma crítica ao sistema partidário por ser hermético, anquilosado, fechado e impenetrável a novas ideias. Ninguém que pense por si consegue penetrar no seio de um partido, que domina o espectro nacional com os mesmos rostos, as mesmas formas de fazer política caciquista e gasta. Justificou a sua constatação com os números de votos em branco , nulos e abstenções das últimas eleições que denotam o descontentamento dos portugueses com a forma de se fazer política. Os partidos grandes controlam tudo. Funciona o princípio de Peter, em que a escalada ao topo da hierarquia é feita em função da respectiva incompetência. Apesar de tudo, Joaquim Jorge rematou dizendo que não era pessimista, mas um optimista informado.
A plateia foi muito animada e questionou os convidados, quase sempre desacreditando nos políticos, generalizando a sua qualidade, ao que obtiveram como resposta que não há democracia sem partidos, mas que esta não se esgota naqueles.
Mais um belo debate no Clube dos Pensadores, muito bem conduzido por Joaquim Jorge, o provocador clarividente.
Mário Russo
Para um tema tão actual, Joaquim Jorge convidou António José Seguro, do PS, António Filipe, do PCP, Diogo Feyo do CDS e Luis Montenegro do PSD, jovens estrelas dos seus partidos, com provas dadas a nível nacional. Ana Drago não pode estar presente mas virá para a próxima.
Depois da brilhante apresentação dos convidados, JJ deu a palavra a António José Seguro que referiu não ser a idade a qualificar a nova geração de políticos, mas as ideias e a forma de exercer a política, sobretudo a coerência na defesa de valores sem os quais a política não faz sentido.
Identificou tais valores, em que a ética ocupou lugar cimeiro, porque faz parte integrante da política. Seguiu-se a transparência, porque quem gere dinheiros públicos não pode actuar de outra forma. O respeito pelas regras democráticas foi outro dos valores, sem os quais a acção política cai no nepotismo ou despotismo. A verdade em política é fulcral, apesar do seu contrário na visão de alguns. De facto, antes o conteúdo que a forma e o espectáculo.
Por fim a competência a serviço da política. Governar é optar e, logicamente é com competência política que se tomam as boas decisões, naturalmente suportadas pela técnica e pela ciência. Outro valor que os políticos devem cultivar é saber dizer Não quando necessário, porque hoje o facilitismo induz dizer sim a tudo e a todos, com as consequências conhecidas.
Diogo Feyo começou por trazer a definição do dicionário sobre geração para lembrar que uma geração jovem de políticos tomou o poder após o 25 de Abril e ocupou o topo da hierarquia do Estado e dos partidos por longos anos (eu diria até ao presente) e bloqueou a entrada de novos rostos e de novas ideias. Concitou ao conhecimento da história e da memória, que não pode ser conservadora, mas portadora de mudança. Hoje a nova geração só o é se for de ruptura, de ideias claras do que é mais importante para resolver os problemas da sociedade, bem como se os políticos souberem interpretar o que as famílias querem. Finalizou citando Eduardo Lourenço sobre o orgulho e ambição de um povo para viver em harmonia consigo próprio.
António Filipe começou por ler um poema de Brecht sobre os tempos modernos. Ser jovem não é um posto, disse. Tem de haver memória e passado sem ser inevitável, para sabermos o que é melhor para o futuro. Uma nova geração de políticos não tem de ser melhor, nem pior que a seguinte, mas pode ser e terá tudo para que seja. A democracia, sendo um edifício em obras, precisa de vigilância e ser acompanhada. Também realçou a ética como um valor inalienável em política.
Luís Montenegro lembrou que o tema é vasto. Realçou que uma nova geração de políticos deve saber honrar os seus compromissos com os eleitores, interpretando a sua vontade. A transparência foi também outro dos valores invocados e a coragem de agir com independência. A nova geração de políticos marcará a sociedade se agir sem tacticismos, mas com verdade, independência e transparência nas funções públicas. Uma nova geração de políticos deve ter a coragem de fazer perguntas incómodas, tais como: a organização emanada do 25 de Abril responde aos actuais desafios sociais? É a melhor forma de organização? Será que a regionalização não será a grande reforma política?
A finalizar, Joaquim Jorge fez uma crítica ao sistema partidário por ser hermético, anquilosado, fechado e impenetrável a novas ideias. Ninguém que pense por si consegue penetrar no seio de um partido, que domina o espectro nacional com os mesmos rostos, as mesmas formas de fazer política caciquista e gasta. Justificou a sua constatação com os números de votos em branco , nulos e abstenções das últimas eleições que denotam o descontentamento dos portugueses com a forma de se fazer política. Os partidos grandes controlam tudo. Funciona o princípio de Peter, em que a escalada ao topo da hierarquia é feita em função da respectiva incompetência. Apesar de tudo, Joaquim Jorge rematou dizendo que não era pessimista, mas um optimista informado.
A plateia foi muito animada e questionou os convidados, quase sempre desacreditando nos políticos, generalizando a sua qualidade, ao que obtiveram como resposta que não há democracia sem partidos, mas que esta não se esgota naqueles.
Mais um belo debate no Clube dos Pensadores, muito bem conduzido por Joaquim Jorge, o provocador clarividente.
Mário Russo