04/12/2007

Jornalismo: a incerteza de um futuro




Susana Ferreira

“O Futuro do Jornalismo” foi o tema escolhido por Joaquim Jorge para o 18º debate do Clube dos Pensadores que fecha assim o quarto ciclo de debates com sala completamente cheia , mais de cem pessoas .Presente na assistência Paulo Pereira , administrador da TV Tel , André Rodrigues e Nuno Tomé , administradores da TVNet e António Ribeiro , Juiz-desembargador e antigo secretáro de Estado da Administração Judicial , membro do clube e convidado de honra num debate sobre jornalismo , responsabilidade e censura. Muitos autores de blogues ( Cegueira Lusa ; Notas Soltas Ideias Tontas ; Alerta , entre outros )

Num painel maioritariamente preenchido por jornalistas da velha guarda, estiveram José Manuel Fernandes, director do jornal “Público”, José Leite Pereira, director do “Jornal de Noticias”, José Marquitos, administrador do jornal “Sol”, Lucinda Haettich, professora de línguas e o habitual moderador e fundador do clube, Joaquim Jorge.

José Manuel Fernandes foi claro na sua intervenção deixando transparecer o fascínio pelas novas tecnologias que podem ser úteis na transmissão de informação.
“Hoje em dia a informação chega a todos e das mais variadas formas, a tecnologia que temos é um importante suporte de divulgação”, afirmou o director que ao mesmo tempo defendeu que “o formato de papel não deve morrer embora a nossa cultura caminhe para esse sentido”. José Manuel Fernandes chamou ainda a atenção para as diversas adaptações que a imprensa teve de fazer para poder estar ao nível dos concorrentes como a televisão e a rádio “que acabam por fazer um elo de ligação”.

Da mesma opinião esteve o director do “Jornal de Noticias”, José Leite Pereira, que acredita que vivemos num período de grandes mudanças tecnológicas.
“O perfil do consumidor já não é o mesmo desde há uns anos atrás, a tecnologias tendem a afastar as pessoas do modelo de informação tradicional e isso obriga a uma recolocação do meio de comunicação no mercado”, explicou José Leite Pereira.
A incerteza do futuro jornalístico ficou marcada, já que o director assumiu que “temos de produzir informação para diversos patamares e por isso considero que o jornalismo nunca morrerá mas com certeza irá percorrer caminhos que incertos”.
As soluções apresentadas pelos dois jornalistas passaram por uma informação mais especializada e com o método “de proximidade junto do público”.

O administrador do jornal “Sol”, José Marquitos, levou o assunto para o campo da gestão simplificando a situação. “Esta nova geração não tem a cultura do papel, é essencial descobrir a forma de transição do papel para outro formato, coisa que ainda ninguém conseguiu”, disse o administrador.
Também o fraco desenvolvimento económico e a mudança cultural foram as principais causas apontadas por José Marquitos para o crescente insucesso da imprensa afirmando que “há muitos meios de informação a ir buscar ao mesmo bolo”.

Já Joaquim Jorge focou pontos de interesse e acusou os jornalistas de conduzirem os assuntos diários para aquilo que mais interessa ao órgão de comunicação.
“Todos os jornalistas deviam noticiar os factos, temos de deixar de viver nesta ditadura da notoriedade e deixar de noticiar em função das vendas”, afirmou o biólogo.
O fundador do clube não esqueceu o sensacionalismo existente em toda a comunicação social rebatendo o alinhamento dos telejornais portugueses ao afirmar que “os telejornais obrigam-nos a ver os conteúdos já escolhidos, além do mais, os jornalistas têm como obrigação combater a corrupção e a mentira”. " O futuro do jornalismo passa pela adaptação às novas tecnologias e por um jornalismo de qualidade , rigoroso sem sensacionalismo e espectáculo. " , acrescentou.

Terminou afirmando que "os jornalistas devem ser os cães de guarda da sociedade ", lutando contra ,como diz Harold Pinter « a crescente cultura da supressão da verdade». "

No final, Lucinda Haettich, apresentou os blogs como uma nova forma de comunicação individual chamando, ao mesmo tempo, a atenção para o excesso de liberdade que acaba por provocar o sensacionalismo.
No seguimento de outros debates, já decorridos noutros ciclos, com temas similares e presenças igualmente importantes no meio, este 18º debate vem encerrar o 4º ciclo dos debates onde todos os presentes aguardam pela nova agenda do Clube dos Pensadores.



estudante de jornalismo . membro do clube e apresentadora do programa de rádio Clube dos Pensadores