JOAQUIM JORGE
O recente problema dos exames do 12ºano, tendo em conta um erro na prova de Química e os resultados nas disciplinas de Física e Química com médias muito baixas, mostrou a queda de um mito. O mito da ministra corajosa, tenaz ínvia, com o epíteto de “Thatcher”, que tinha metido os professores na ordem.
A ministra teve um fim do mês horribilis: pela primeira vez teve os pais contra (pudera, quem não quer o melhor para os seus filhos!), a contratação de professores pela direcção das escolas enferma de ilegalidades, a Fenprof pede no tribunal suspensão do despacho da organização dos horários por ilegalidades , Vitorino crítica ministra por não esclarecer o sucedido nos exames e pela falta de equidade para com os alunos do 11ºano.
Este episódio lembra-me o que diz Dalai Lama : os políticos antes de serem eleitos têm intenções perfeitamente puras. Mas,uma vez em funções,tornam-se uns convencidos e imaginam que têm o direito de se permitir certos caprichos e de fazerem tudo o que querem,sem que ninguém tenha nada a dizer.Mesmo que cometam actos repreensíveis,acham que não é grave,tendo em conta a dedicação com que cumprem a sua tarefa.
A credibilidade de um político é reconhecer e emendar os erros cometidos e não escondê-los por debaixo do tapete. Uma reforma educativa não depende só do saber,por muito sábia que seja uma ministra, nem depende apenas do poder, por mais maioritário que seja um governo; depende sobretudo da mobilização do querer do conjunto de intervenientes no processo educativo. Muito há a fazer para conseguir tal mobilização.
A ministra da Educação é o espelho deste governo be quiet , fechado, intransigente, altivo, “desideologizado”, controlador do seu partido de apoio (PS), tornando-o ensimesmado e relegando-o para segundo plano.
A crítica, não deve ser entendida como um ataque pessoal,ou bloqueador. A política não pode ser vista de uma forma monolítica. Este governo vive essencialmente da imagem de determinação e coragem de Sócrates. Até quando?
artigo publicado na FOCUS em 10/08/2007
na crónica CONTRAPONTO semanal