Com a entrada de Luís Amado para o ministério dos Negócios Estrangeiros, José Sócrates vive dias mais descansados.
A proximidade do período de férias e a alienação colectiva (quer mediática quer pública) em torno do Mundial da Alemanha ofuscaram a saída do professor Freitas do Amaral do Governo. Alegando motivos de saúde, o ex-ministro de José Sócrates fez o que há muito se esperava e abandonou prematuramente o Palácio das Necessidades.
Para o seu lugar transitou Luís Amado. O ex-ministro da Defesa, após ter efectuado a Reforma das Forças Armadas sem grandes alaridos mediáticos, assume agora uma pasta que vinha trazendo preocupações a José Sócrates.
As diferenças entre Luís Amado e Freitas do Amaral são visíveis. Desde logo, a postura mais reservada que o actual ministro dos Negócios Estrangeiros adopta. Muito à imagem que o primeiro-ministro tem pautado no seu Executivo, Luís Amado foge ao brilho das câmaras e transmite uma atitude mais reservista. A Reforma das Forças Armadas é um dos exemplos desta postura que, ao contrário das da Saúde, Administração Pública, Educação e Justiça, passou por poucos momentos conturbados.
O meio de transmissão da mensagem do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e a forma como é efectuada, também mudou. Na entrevista que Luís Amado cedeu ao programa Rádio Renascença “Diga Lá Excelência”, em parceria com o jornal Público e que é transmitido na 2:, o actual titular da pasta levantou o véu sobre o que é preciso fazer para que a Europa assuma outro protagonismo ao nível do relacionamento externo e sobre a próxima presidência tripartida da União Europeia.
Sem propor jogos de futebol para resolver a crise no Médio Oriente (acredito que Freitas do Amaral o tenha feito para alimentar manchetes), Luís Amado assume que o papel da UE para o exterior é fraco e o seu poder de influência ainda está longe de ser o que a ideia de unidade transmitida por Javier Solana aparenta. Para o chefe da Diplomacia portuguesa, a Europa tem que assumir interesses estratégicos para o exterior do espaço comunitário, para assim atingir os seus interesses políticos. Já sobre a presidência tripartida da UE, entre Portugal, Alemanha e Eslovénia, Luís Amado refere que a intenção de discutir a Constituição ira prevalecer.
Um dos grandes pesos que saiu dos ombros de José Sócrates prende-se com as relações com os Estados Unidos da América. Devido às opiniões de Freitas do Amaral sobre os EUA, em especial da presidência de George W. Bush, a preocupação de algum retrocesso no relacionamento transatlântico pairou no ar nos últimos meses. Com Luís Amado à frente da Diplomacia Portuguesa esta névoa levantou.
Em suma, com a mudança na pasta dos Negócios Estrangeiros, provavelmente José Sócrates terá mais alguns meses sem problemas, a juntar à até agora fraca oposição que tem encontrado. O afastamento de Freitas do Amaral não foi só benéfica para a saúde do ex-ministro, também o será, muito provavelmente, para a saúde do Governo.
por Rui Santos - Membro do Clube dos Pensadores
As diferenças entre Luís Amado e Freitas do Amaral são visíveis. Desde logo, a postura mais reservada que o actual ministro dos Negócios Estrangeiros adopta. Muito à imagem que o primeiro-ministro tem pautado no seu Executivo, Luís Amado foge ao brilho das câmaras e transmite uma atitude mais reservista. A Reforma das Forças Armadas é um dos exemplos desta postura que, ao contrário das da Saúde, Administração Pública, Educação e Justiça, passou por poucos momentos conturbados.
O meio de transmissão da mensagem do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e a forma como é efectuada, também mudou. Na entrevista que Luís Amado cedeu ao programa Rádio Renascença “Diga Lá Excelência”, em parceria com o jornal Público e que é transmitido na 2:, o actual titular da pasta levantou o véu sobre o que é preciso fazer para que a Europa assuma outro protagonismo ao nível do relacionamento externo e sobre a próxima presidência tripartida da União Europeia.
Sem propor jogos de futebol para resolver a crise no Médio Oriente (acredito que Freitas do Amaral o tenha feito para alimentar manchetes), Luís Amado assume que o papel da UE para o exterior é fraco e o seu poder de influência ainda está longe de ser o que a ideia de unidade transmitida por Javier Solana aparenta. Para o chefe da Diplomacia portuguesa, a Europa tem que assumir interesses estratégicos para o exterior do espaço comunitário, para assim atingir os seus interesses políticos. Já sobre a presidência tripartida da UE, entre Portugal, Alemanha e Eslovénia, Luís Amado refere que a intenção de discutir a Constituição ira prevalecer.
Um dos grandes pesos que saiu dos ombros de José Sócrates prende-se com as relações com os Estados Unidos da América. Devido às opiniões de Freitas do Amaral sobre os EUA, em especial da presidência de George W. Bush, a preocupação de algum retrocesso no relacionamento transatlântico pairou no ar nos últimos meses. Com Luís Amado à frente da Diplomacia Portuguesa esta névoa levantou.
Em suma, com a mudança na pasta dos Negócios Estrangeiros, provavelmente José Sócrates terá mais alguns meses sem problemas, a juntar à até agora fraca oposição que tem encontrado. O afastamento de Freitas do Amaral não foi só benéfica para a saúde do ex-ministro, também o será, muito provavelmente, para a saúde do Governo.
por Rui Santos - Membro do Clube dos Pensadores